Na Bahia, Dirceu diz que Dilma “não se representa” e que é o projeto político do PT que vencerá as eleições

A Tarde

O deputado cassado e ex-chefe da Casa Civil do primeiro governo Lula, José Dirceu (PT), disse na segunda-feira, 13, em Salvador que a candidata do seu partido a presidente, Dilma Rousseff, “não se representa” sozinha e que é necessário “voltar a transformar o PT numa instituição política”. As declarações foram feitas na noite de segunda no Comitê dos Petroleiros, casa na orla do Jardim de Alá e um dos QGs petistas na capital baiana.

Dirceu disse ainda que a eleição de Dilma está “carimbada”, fez um longo histórico sobre as dificuldades políticas dos governos de Lula e colocou em xeque a ética dos senadores peemedebistas Renan Calheiros e José Sarney. Ele proferia palestra para cerca de cem militantes sindicais e não havia percebido a presença da imprensa durante as declarações polêmicas.

Dirceu esteve na Bahia na segunda para declarar apoio aos candidatos petistas Luiza Maia – mulher do prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), e postulante à Assembleia Legislativa –, e Josias Gomes, que tenta a Câmara Federal. Josias, a exemplo de Dirceu, foi acusado de participar do Mensalão, mas foi inocentado, ao contrário de Dirceu, que ainda vai ser julgado.

Comparações – Dirceu avalia que Dilma tem uma liderança limitada, diferente de figuras como Antonio Carlos Magalhães. “A Dilma não é uma liderança que tenha uma grande expressão popular, eleitoral, uma raiz histórica no País como o Lula teve, como o Brizola, o Arraes, e como a própria direita também teve aqui mesmo (na Bahia), uma liderança que foi o próprio ACM que, independente do fisiologismo, era uma liderança popular”, falou.

Mas isso, para ele, valoriza a vitória no dia 3 de outubro indicada nas pesquisas. “A eleição da Dilma é mais importante do que a eleição do Lula, porque é a eleição do projeto político, do nosso acúmulo de 30 anos, porque a Dilma não se representa”, explicou Dirceu, antes de argumentar que Lula é “duas vezes maior que o PT” e que a legenda tem a missão de se transformar no preferido de “um terço” dos brasileiros.

Na autocrítica do partido que ajudou a fundar, Dirceu defende a renovação como prioridade. “Nós temos que voltar a transformar o PT numa instituição política, para o que ele foi criado, e uma instituição política tem valores, tem programa”, disse, sob o argumento de que precisam se abrir para a juventude.

Dirceu compara a conquista do PMDB à aliança do vice- -presidente José Alencar (PR). “Quando fizemos o Alencar vice do Lula, ganhamos a eleição. Como nós ganhamos essa quando o PMDB não ficou com o PSDB, porque aquele movimento anti-Renan Calheiros, anti-José Sarney – vocês não vão acreditar que eles são éticos…”, falou, antes de o microfone falhar e ele dizer que o PMDB poderia repetir o caminho de 2006, quando indicou o vice do PSDB.