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Pressionado, Cabral rompe silêncio e admite sucateamento de bondes

O Globo

Governador do Rio de Janeiro que bondes de Santa Teresa não têm controle do número de passageiros e estão em péssimas condições de conservação. Sérgio Cabral nomeou interventor no sistema.

O governador Sérgio Cabral admitiu, na manhã desta quarta-feira, que os bondes de Santa Teresa estão sucateados, que não há controle na entrada do número de passageiros e que houve problema de gestão no transporte. Ele acrescentou que alguns veículos já foram reformados, mas outros ainda não.

Cabral comentou o assunto antes do evento de comemoração pela doação do empresário Eike Batista ao Hospital Pro Criança, no canteiro de obras da unidade, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Foi a primeira vez que o governador falou publicamente sobre a situação dos bondes após o acidente que matou cinco pessoas e deixou 57 feridas no sábado. – A verdade é que a frota do bondinho hoje é muito sucateada. E não há nenhum controle de passageiros – ressaltou Cabral.

O bonde acidentado no sábado levava 61 pessoas, embora a lotação máxima seja de 40. O governador acrescentou que alguns países, como Portugal, encontraram medidas contra a superlotação, como apenas uma entrada e uma saída para controlar o número de passageiros.


– Pelo que foi informado nesta terça, as autoridades patrimoniais daqui resistem a isso – afirmou o governador, ressaltando que é preciso aguardar a perícia para avaliar as razões do acidente. Cabral negou que houvesse falta de investimento no sistema: – Foram R$ 14 milhões em investimentos para a recuperação de bondes e trilhos. Mas me parece que houve problema de gerência.

Perguntado três vezes pelos jornalistas sobre a exoneração do secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, o governador não respondeu. Na secretaria, Lopes admitiu que o valor investido não foi suficiente, apesar de considerar significativos os R$ 14 milhões. Segundo ele, era a verba que estava disponível: – O governo tinha muitas prioridades e não se fizeram os investimentos nos bondes nos montantes em que eram necessários. Os investimentos terão que ser muito ampliados – disse o secretário.

Dados divulgados pela própria Secretaria estadual de Transportes indicam que os recursos não foram suficientes. Entre 2005 e 2008, foram gastos cerca de R$ 9 milhões na manutenção dos trilhos. Mas, dos R$ 14 milhões previstos para a conversão dos 14 bondes em VLTs, só foram gastos R$ 8,6 milhões para renovar metade da frota antes que o contrato fosse suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Por adotarem uma tecnologia diferente dos veículos tradicionais, os bondes reformados têm um contrato à parte de manutenção, no qual já foram gastos R$ 295,3 mil.

A secretaria não divulgou o montante de investimentos na manutenção dos sete bondes restantes, inclusive o que se acidentou. A alegação é de que os recursos fazem parte do orçamento da Central, a companhia estadual que administra o sistema. Nessa lista de investimentos, estão a substituição de mais de 200 dormentes na via permanente sobre os Arcos da Lapa; a substituição do gradil dos Arcos e de mais de três quilômetros de rede aérea, além da reforma dos bondes 9 e 11.

Nesta quarta, foi realizada a primeira reunião de trabalho do grupo interventor com a Secretaria de Transportes. Durante a reunião, o presidente do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), Rogério Onofre – designado interventor do sistema de bondes – afirmou que já estão sendo estudadas soluções para o meio de transporte, que poderá ser privatizado ou municipalizado: – Pessoalmente, sou favorável a que a iniciativa privada opere os bondes.

Segundo ele, 15 servidores do Detro começam, a partir de agora, a avaliar a situação dos bondes – desde as questões legais até as de manutenção – sem prazo para que o meio de transporte volte a funcionar. Onofre acrescentou que isso só acontecerá depois que o diagnóstico da rede for feito e houver garantia de segurança. Se necessário, de acordo com ele, o Detro investirá recursos próprios para a melhoria do sistema.

A área de bondes da Central ficará subordinada à presidência do Detro. O restante da companhia, que administra outros ramais ferroviários do Rio, continuará sob a responsabilidade da secretaria. Júlio Lopes não quis comentar a intervenção. Na terça-feira, o secretário lembrou o fato de, neste mês de agosto, o bonde acidentado ter sido encaminhado 13 vezes para a oficina. Ele afirmou que era antigo, “de mais de 100 anos”, e que parava toda vez que apresentava algum problema, mas que não era possível prever acidentes. – A segurança é nossa prioridade máxima – disse o secretário, apesar de nos últimos anos terem ocorridos vários acidentes nos bondes de Santa Teresa, com mortes.

O delegado titular da 7ª DP (Santa Teresa), Tarcísio Jansen, pediu na terça-feira à Central informações sobre a manutenção dos bondes e a sua dotação orçamentária. Jansen quer saber se os recursos destinados pelo estado à empresa são suficientes para a manutenção do sistema e se a verba tem sido recebida e aplicada de maneira correta. A estatal tem sete dias para responder. O delegado disse que também vai ouvir os responsáveis pela manutenção dos bondes.

Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) foram ontem até a oficina dos bondes, em Santa Teresa, recolher peças para análise. As principais são as sapatas do freio do veículo acidentado, localizadas próximo ao ponto onde foi encontrado um pedaço de arame no lugar de um parafuso. As sapatas já tinham levantado suspeitas do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ), que encontrou uma peça gasta. O Sindicato dos Ferroviários também informou que essas sapatas teriam sido trocadas dias antes da tragédia e que o material usado seria inadequado, não obedecendo a especificações técnicas.

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