Magistrado pedirá prisão preventiva de autores. Até casos de adultério foram expostos. Vítimas entrarão com ação coletivas. Caso ocorreu no interior de Minas Gerais.
O juiz de Direito da comarca de Muzambinho (MG), Flávio Schmidt, pediu rigor à polícia nas investigações sobre a origem de um “ranking do sexo”, que expõe intimidades sexuais e faz ofensas e mulheres maiores e menores de idades, moradoras da cidade, que tem pouco mais de 20 mil habitantes. Em contato, o magistrado disse que pedirá a prisão preventiva dos envolvidos assim que eles forem identificados.
O caso ganhou repercussão após o conteúdo viralizar por meio de compartilhamentos em grupos de mensagens instantâneas. Além de citar nomes, o ranking também atribui adjetivos pejorativos às vítimas. Apesar de pedir rigor às investigações, o juiz afirma que esse será um processo lento, principalmente por conta da política de privacidade do aplicativo, que não permite a divulgação de informações.
Segundo o juiz, nestes casos os suspeitos são enquadrados na Justiça comum, em crimes cibernéticos. “Tem que ver cada caso, porque o próprio fato de você fazer a publicação, curtir ou compartilhar também dá punição. As pessoas entram nessa onda de compartilhar, de passar para o outro grupo, e isso aí vai dando consequência jurídicas”, disse.
Mulheres vítimas vão à Polícia
O grupo de pelo menos 100 meninas que foi vítima do “ranking do sexo” em Muzambinho (MG) decidiu se reunir para buscar conjuntamente punição dos responsáveis em divulgar a lista. O caso repercutiu nas redes sociais e a mensagem nomeada “TOP 100 Put…de Muzambinho” foi considerada machista por expor a intimidade de mulheres com adjetivos pejorativos. No grupo, as meninas compartilharam histórias e agora tentam encontrar apoio. “Minha colega de trabalho, que também saiu na lista, só chora. Tá com vergonha de sair na rua”, conta uma das vítimas. A primeira atitude de algumas mulheres foi procurar advogados e fazer boletins de ocorrência na delegacia. As denúncias levaram a Polícia Civil a abrir um inquérito do caso. Para tentar reunir provas e se organizar, criaram um grupo no aplicativo de mensagens, onde trocam informações e dividem a revolta com a situação.
Constrangimento na família e no trabalho
Em vários nomes aparecem referências a amigos e local de trabalho das jovens, o que aumentou a exposição de algumas das vítimas. Muitas contaram quais foram as reações quando descobriram o caso. “Eu acordei de manhã com a mensagem de uma amiga que me perguntou se eu estava sabendo da lista. Não estava. Aí ela me mandou e disse que eu estava lá. Eu não acreditei, tive uma impressão muito ruim”, conta uma delas.
“Me senti constrangida. Todo mundo que me encontra vem conversar comigo, me sinto mal, é muito constrangedor”, conta outra vítima. Para muitas, lidar com a situação é difícil principalmente na família e no trabalho. “Na hora que um amigo me mandou, eu só conseguia pensar no meu trabalho. Aí chorei. Me perguntei o que eu iria fazer. Colocaram o nome de uma amiga de trabalho e ainda colocou o local onde a gente trabalha”, contou outra vítima. A menina, de 22 anos, contou como se sentiu ao ver o nome na lista e vários nomes com descrição ofensivas de comportamento. “Foi horrível. Minha mãe estava aqui, chamei minha mãe, meu pai e mostrei pra eles a lista. Antes que eles soubessem de outro jeito, porque a rede social corre. Antes que desse mais problema. Eu também sou mãe. Então fiquei preocupada”.