Prisão ocorre dias após a Justiça da Paraíba autorizar, em decisão liminar, a realização de buscas na mansão, em João Pessoa. Ele teria tentado burlar a ação judicial, segundo a Polícia.

O influenciador digital Hytalo Santos, de 28 anos, foi preso nesta sexta-feira (10) em São Paulo, após uma operação coordenada entre órgãos de segurança da Paraíba e autoridades paulistas. Natural da cidade de Bayeux, na Paraíba, o digital influencer é alvo de investigações do Ministério Público da Paraíba e do Ministério Público do Trabalho por suspeita de envolvimento em crimes graves, entre eles tráfico humano e exploração sexual de crianças e adolescentes.

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A prisão ocorre dias após a Justiça da Paraíba autorizar, em decisão liminar, a realização de buscas na mansão de Hytalo em João Pessoa. A operação, cumprida na quarta-feira (8), revelou indícios de que o acusado teria tentado burlar a ação da Justiça. Segundo apurado pelo Blog do Marcelo, equipes policiais encontraram a residência vazia, com a máquina de lavar em funcionamento e sinais claros de que equipamentos eletrônicos foram removidos às pressas. O condomínio informou que Hytalo deixou o local com "vários equipamentos" horas antes da chegada dos agentes. Vídeo mostra momento da prisão de Hytalo Santos e do marido:

https://twitter.com/updatecharts/status/1956337538076967039

A decisão do juiz Adhailton Lacet Correia Porto, da 1ª Vara da Infância e Juventude de João Pessoa, foi baseada em denúncias contundentes, incluindo vídeos que circularam massivamente nas redes sociais. Um dos principais indícios veio do polêmico vídeo do influenciador Felipe Bressanim, o Felca, que denunciou práticas de "adultização" de adolescentes no ambiente digital e citou diretamente Hytalo como figura central em um suposto esquema de exploração. O conteúdo, com milhões de visualizações no YouTube, gerou repercussão nacional e mobilizou parlamentares para discutir a regulamentação da proteção de jovens na internet.

Na decisão judicial, o magistrado destacou a gravidade das acusações: “A análise dos fatos revela indícios contundentes de violações graves aos direitos fundamentais de crianças e adolescentes, incluindo a monetização de suas imagens, exposição a conteúdos inadequados e possível incitação à pornografia infantil”. Diante disso, determinou a suspensão imediata de todos os perfis de Hytalo nas redes sociais — incluindo Instagram, TikTok, YouTube e Facebook — e a remoção de conteúdos que envolvam menores.

Além disso, o juiz ordenou o afastamento dos adolescentes que viviam com o influenciador, proibindo qualquer contato entre eles e Hytalo. Um ofício foi encaminhado ao Conselho Tutelar para que medidas protetivas fossem adotadas, como acolhimento institucional ou em família extensa. O caso foi encaminhado ao Núcleo de Apoio Psicossocial (Napem) para avaliação psicossocial e escuta especializada dos jovens envolvidos.

Em nota enviada à CNN, Hytalo negou todas as acusações. “Esclareço que jamais me ocultei ou obstruí investigações. Estou em viagem a São Paulo há mais de um mês e permaneço à disposição das autoridades”, afirmou, reiterando que todos os conteúdos com menores foram produzidos com autorização dos responsáveis e dentro da legalidade. “Repudio qualquer acusação de exploração. Minha trajetória sempre foi pautada pela proteção de crianças e adolescentes”, disse.

Apesar da defesa, a Justiça entendeu que a fuga e a remoção de equipamentos configuram obstrução à investigação. Com base nisso, foi expedido mandado de prisão preventiva. A prisão foi confirmada pela GloboNews e, segundo fontes ligadas à investigação, o influenciador foi localizado após rastreamento de seus movimentos digitais e bancários.

O caso agora segue com a análise pericial dos equipamentos apreendidos, que poderão revelar a extensão do conteúdo produzido e as redes de monetização envolvidas. Enquanto isso, o debate sobre os limites da atuação de influenciadores digitais e a proteção de adolescentes na internet ganha força no Congresso Nacional, com projetos de lei sendo discutidos em caráter de urgência. Hytalo Santos permanece detido à disposição da Justiça da Paraíba, onde deverá responder por crimes que, se comprovados, podem resultar em penas superiores a 20 anos de prisão.