"Vivemos a interiorização da violência", afirma Julio Jacobo, autor do trabalho. O estudo do Instituto Sangari, com base nos dados do Subsistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, foi divulgado nesta terça-feira, em São Paulo.
Para o pesquisador, a mudança é reflexo da formação de novos polos econômicos e do aumento do contrabando nos municípios de fronteira. Também exercem pressão significativa as estatísticas de municípios localizados em áreas do Arco do Desmatamento, com atividades ilegais e grilagem de terras, e em áreas de turismo predatório, onde há aumento de consumo de bebidas e drogas. "A violência vai para onde vai o dinheiro e para onde há menos repressão", observa.
Mesmo empurrando num primeiro momento as estatísticas para baixo, a interiorização da violência traz um problema a médio prazo. A forma de prevenção e combate ao problema deve obedecer as características de cada região. "A pulverização dos polos demanda respostas rápidas, mas diferenciadas", avaliou Jacobo.
Sem padrão
O pesquisador destaca que no País não há um padrão único de comportamento da violência, assim como não há somente uma estratégia para combatê-la. "Não há uma receita pronta e formulada. Cada local arma suas próprias soluções. O importante é fazer a população entender que a violência não é um fenômeno natural, não é um tsunami. È um fenômeno social e humano", diz.
As regiões Norte e Nordeste tiveram um crescimento de 97,9% e 76,5% nos índices, respectivamente.
Em alguns locais, como Pernambuco, Espírito Santo e Rondônia, houve estabilização das estatísticas. Já em outros Estados foi registrado um aumento exorbitante nos indicadores. Alagoas, por exemplo, estava na 11ª posição em 1997, com uma taxa de 24,1 homicídios para cada 100 mil habitantes, e foi para a primeira posição do ranking em 2007, com taxa de 59,6 homicídios.
Paraná e Pará, que em 1997 apresentavam índices relativamente baixos, passaram a despertar a atenção pelos números. O Pará saltou da 20ª posição no ranking de maiores índices de homicídio para o 7º lugar. O Paraná passou de 14º para 9º.
"Temos vários movimentos simultâneos. A violência cai nos grandes centros, cresce em áreas mais remotas. Há uma queda de números gerais, mas uma explosão entre determinadas populações: jovens e negros", diz Jacobo.
O estudo mostra, por exemplo, que no período o índice de homicídios cresceu 30% no grupo entre 14 e 16 anos. E é na faixa de 15 a 24 anos que se concentram os maiores indicadores de homicídios no País. Estão nessa idade cerca de 35 milhões de jovens, o que corresponde a 18,6% da população. Os jovens, no entanto, respondem por 36,6% do total desse tipo de crime.
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