Presidente da autoridade monetária diz que decisão visa garantir estabilidade econômica e revela que 'nunca teve ambições políticas'
Em tom solene e acompanhado de toda a diretoria do Banco Central, o presidente da instituição, Henrique Meirelles, comunicou nesta quinta-feira, 1, a sua decisão de permanecer no cargo. Meirelles disse que a sua decisão atende ao pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também ao apelo da diretoria do Banco para que ele completasse o trabalho de mais de sete anos de consolidação da estabilidade de preços e de acumulação de reservas.
Ele disse que a estabilidade propicia algo importante para a população, que é o controle da moeda. Ele também destacou que a sua decisão vem no sentido de garantir a estabilidade da economia num ano cheio de desafios.
Indagado se ele deixaria o BC se fosse para se candidatar como vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff, ele afirmou: "Essa hipótese não estava colocada". Ele disse que o cargo de senador ou o de governador o deixaria muito honrado e, por isso, foi uma decisão difícil.
Meirelles afirmou ainda que a sua decisão de ficar no BC foi motivada pela avaliação de que, nesse cargo, poderia contribuir mais para consolidar a estabilidade e para a racionalidade do debate econômico. Ele disse que "nunca teve ambições políticas" e que considerou a "opção política" como um meio para colaborar para a consolidação da economia, que cresce de forma sustentada. "Meu maior objetivo é colaborar para a perenização da estabilidade", disse.
Ao ser questionado sobre a opção eleitoral que fez em 2002 e, mesmo assim, dizer que não tem opção política, Meirelles respondeu que aquela decisão na época partiu do desejo de contribuir para o debate econômico do Brasil no sentido de apoiar o processo de criação de condições para o crescimento sustentável. "Por isso, a decisão de hoje é consistente com aquela decisão", afirmou.
Ao dizer que ficando no BC poderia contribuir mais para a consolidação do crescimento sustentável, Meirelles afirmou que quer concluir sua administração tornando ainda mais sólidos os fundamentos da economia brasileira.
Ele disse ainda que não hesitou em tomar nenhuma decisão e afirmou que a sua filiação partidária buscou preservar seus direitos políticos. O presidente do BC disse que não se sentiu inviabilizado politicamente nas negociações sobre seu futuro. "Fiquei para contribuir para a racionalidade econômica."
Segundo ele, não faltou apoio político do PMDB para uma candidatura ao governo de Goiás ou ao Senado Federal pelo Estado. Ele disse que recebeu vários apelos fortes do partido para sua candidatura a uma das duas vagas. "Tive apoio integral do PMDB", afirmou.
Possível sucessor
Meirelles foi várias vezes questionado se chegou a discutir com o presidente Lula o nome de um eventual sucessor para sua vaga no BC. Ele negou. Ao ser questionado se eram verdade os boatos de que ele teria preferido ficar no cargo com o temor de que o secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, fosse indicado para a presidência do BC, Meirelles disse que o fato concreto é que ele não chegou a discutir com o presidente Lula o nome de um sucessor e tem certeza de que o presidente tomaria a decisão adequada. Ele ponderou que é normal que em momentos como esse haja especulação.
O desafio, segundo ele, é manter o equilíbrio da economia brasileira e manter a inflação na meta. Ele disse que tomou a decisão de ficar no BC somente hoje e que não existe a possibilidade de mudar de ideia até sábado, quando acaba o prazo para desincompatibilização.
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