Governador deixa posto no fim do mês, mas anúncio de que vai disputar Presidência ficará para depois da Páscoa
Depois de amargar quatro meses de espera pelo anúncio que não veio, a cúpula do PSDB não quer dividir a cena nem a mídia com o PT. Ao contrário, a ideia é esticar o lançamento em mais de uma etapa, para potencializar o ganho político do ingresso do governador na corrida presidencial e compensar o desgaste, virando a página dos protestos por tamanha demora. Serão duas solenidades para Serra brilhar: em São Paulo, a despedida do governo e o anúncio da candidatura de Geraldo Alckmin a governador; e o lançamento nacional em grande estilo, com aliados e tucanos de todo o Brasil reunidos em Brasília, para mostrar unidade do partido em torno do candidato.
Até lá a direção do PSDB vai costurando as alianças nos Estados e tentando contornar a agonia de aliados de peso como o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que esta semana desistiu da reunião que ele mesmo havia pedido a Serra. Inconformado com decisão de arrastar por mais três semanas o anúncio oficial da candidatura, Jarbas chegou a divulgar uma nota na quarta-feira, para dizer que não quer conversa até lá. "Pretendo vincular minha eventual candidatura (a governador de Pernambuco) à dele, mas dispenso a audiência. Vou esperar", disse o senador.
As articulações Brasil afora continuam porque o PSDB trabalha para ampliar a aliança nacional e assim potencializar o efeito político do lançamento. Além da presença de todos os candidatos que vão garantir bons palanques a Serra nos Estados, o tucanato quer mostrar que a festa não é particular, mas da aliança.
Depois da crise que atingiu o principal aliado, com o único governador eleito pelo DEM - José Roberto Arruda, do Distrito Federal - na cadeia, o caminho para minimizar o peso do escândalo do "mensalão do DEM" sobre a coligação de Serra é apressar a ampliação da aliança. O ideal é que isso ocorra já a partir do lançamento da candidatura em Brasília.
Para dar cara múltipla à coligação, os tucanos querem não apenas dirigentes do DEM e do PPS compondo a mesa solene da festa em Brasília. O esforço é para que, em torno de Serra, também estejam os presidentes nacionais do PTB, Roberto Jefferson, e do PSC, Vitor Nósseis. O empenho do tucanato para fechar acordo com as duas legendas na campanha presidencial é grande porque a contabilidade política desse apoio é dobrada, com repercussão no palanque eletrônico de Serra e Dilma.
Como o PTB participa do governo Lula e é aliado do PT no Congresso, os articuladores da candidatura de Dilma contam com o tempo de propaganda eleitoral gratuita do partido no rádio e na televisão. Se o PSDB for bem sucedido, os 42 segundos do PTB serão subtraídos do programa do PT e transferidos a Serra. Somados aos segundos que cabem ao PSC, a articulação tucana pode render ao candidato da oposição um minuto a mais em cada bloco de propaganda que irá ao ar, em rede nacional de televisão, totalizando 7m48s, contra 8m21s da coligação de Dilma - sem contar o tempo do PSB, que ainda pode se bandear para a candidatura governista no caso de desistência do deputado Ciro Gomes.
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