O endividamento de Regina evoluiu progressivamente e chegou a um patamar fora da realidade da sua renda mensal de R$ 1 mil, fruto do trabalho de funcionária pública. Em um dos cartões, um débito que originalmente era de R$ 547 mais do que dobrou nos últimos meses – com juros e encargos, chegou a R$ 1.138. No outro cartão, a situação é mais crítica: a dívida acumulou e está em cerca de R$ 6 mil.
A situação de Regina é reflexo de uma combinação de fatores: a crescente oferta de crédito no mercado aliada à falta de uma educação financeira das classes mais baixas. O resultado natural é o avanço da inadimplência, que somente no mês de junho cresceu 5,5% comparado com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Serasa Experian.
O grande vilão do crescimento da inadimplência é justamente o cartão de crédito, que foi a modalidade em que as dívidas dos consumidores mais aumentaram. Os dados do Serasa Experian mostram que entre maio e junho deste ano, as dívidas com cartões avançaram 7%.
Financeirização - O avanço da inadimplência no cartão de crédito é resultado direto da crescente financeirização das classes C e D, que terão, juntas, gastos em produtos e serviços equivalentes a R$ 808,8 bilhões em 2010, segundo estudo do Instituto Data Popular.
Segundo o economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, as classes populares têm cada vez mais adotado os meios eletrônicos de pagamento, especialmente o cartão de crédito. Os dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) confirmam esta tendência: já são 80 milhões de portadores do “dinheiro de plástico” no Brasil.
Planejamento - Em casos como da costureira Velta Boaventura, o primeiro passo é suspender os gastos com o cartão até quitar a dívida. “O crédito deve ser utilizado de forma racional. Não adianta fazer uma dívida no cartão e pagar somente o valor mínimo do boleto. Este débito pode acabar crescendo como uma bola de neve, puxado pelas altas taxas de juros”, explica Maria Inês Dolci, coordenadora da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste).
De acordo com Maria Inês, se o consumidor perceber que não terá condições de pagar o débito no cartão nos próximos meses, ele deve analisar outras possibilidades, como contratar um crédito a juros mais baixos para quitar a dívida.
Dicas para usar o cartão de crédito
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