Servidora pública Vera Lúcia Gomes é acusada de agredir a filha adotiva de 2 anos e 10 meses
O Ministério Público do Estado do Rio pediu, na tarde desta terça-feira, a prisão preventiva da procuradora aposentada Vera Lúcia Gomes. O órgão também denunciou a servidora pública por tortura por agredir a filha adotiva de 2 anos e 10 meses. O juíz da 32ª Vara Criminal de Justiça do Rio, Mário Mazza, está analisando o pedido do MP.
Na tarde desta terça-feira, a menor T. teve sua avaliação psicológica interrompida na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV). A menina, que teria sido agredida por Vera Lúcia, evitou qualquer contato com os profissionais e só quis ficar ao lado de pessoas conhecidas do abrigo em que vive, depois de ter sofrido agressões.
De acordo com o psicólogo Gilberto Fernandes, responsável pela avaliação, ela evitou qualquer contato e ficou de costas para os profissionais que a atendiam. Para ele, a menina só aceitou uma escova de pentear os cabelos e não teve qualquer condição de continuar. A criança foi encontrada pelo Conselho Tutelar com sinais de maus-tratos na casa da procuradora em 15 de abril. A menina estava com olhos tão inchados e roxos que mal conseguia abri-los.
Os psicólogos pretendiam fazer com que a menina fosse estimulada a falar sobre a agressão e os dias em que esteve vivendo na casa da procuradora, em Ipanema, Zona Sul do Rio. Os profissionais pretendiam usar desenhos e fazer brincadeiras para que a criança pudesse falar sem que fosse forçada, o que poderia agravar o trauma.
Denúncia feita com exclusividade
A agressão da procuradora Vera Lúcia à sua filha adotiva de 2 anos foi noticiado com exclusividade pelo blog Justiça e Cidadania de DIA ONLINE na última segunda-feira. A procuradora também está na mira da Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Defensoria Pública. O órgão vai entrar nesta sexta-feira na 1ª Vara da Infância e Juventude com ação pedindo que Vera Lúcia indenize T. em R$ 436.560. Também será pedida pensão mensal de três salários mínimos (R$ 1.700).
A procuradora Vera Lúcia Santana Gomes, de 57 anos, foi indiciada por tortura e racismo pela 13ª DP (Copacabana) na semana passada. Segundo a delegada Monique Vidal, Vera Lúcia admitiu que xingou a menina de ‘cachorrinha’: “Ela disse que isso não é nada demais porque ela gosta de cachorro”. A delegada informou ainda que o exame de corpo de delito na menina mostra que as lesões são graves e foram feitas em dias diferentes.
A criança foi encontrada pelo Conselho Tutelar com sinais de maus-tratos na casa da procuradora em 15 de abril. A menina estava com olhos tão inchados e roxos que mal conseguia abri-los. “Ela tem diversas lesões que foram produzidas por meio cruel”, explicou a delegada Monique.
Depois de dois abandonos, a esperança de ter um lar
Apesar de ter apenas 2 anos, a vida de T. nunca foi fácil. Abandonada duas vezes pela mãe biológica, a menina morou em abrigos quase todo o seu tempo de vida e há dois meses passou a receber as visitas da procuradora, depois de autorização da Justiça. Carinhosa, T. rapidamente se afeiçoou a Vera Lúcia, a quem já chamava de mãe. O novo lar confortável e a nova mãe pareciam ser perfeitos.
Para conseguir a guarda provisória de menina, a procuradora passou por um rigoroso e longo processo. Durante um ano, ela participou de reuniões mensais com membros do Conselho Tutelar e profissionais da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, passou por avaliação psicológica e por uma pesquisa social até, finalmente, obter a habilitação para adoção, quando o juiz autoriza o candidato a ter visitas com a criança.
“Ela passou por todas as etapas e foi considerada apta. O que aconteceu foi um choque para todos. O processo de adoção tem que ser por amor e não por ver a criança como uma mercadoria que você pega da prateleira para experimentar. Mais de 90% dos casos são bem sucedidos. O pior desse caso é que tinha um casal também habilitado e muito interessado pela menina”, disse a magistrada Ivone Ferreira Caetano. Há na vara 800 pessoas inscritas para adotar uma criança.
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