O secretário de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, afirmou que a ocupação não estava regularizada. "Não tem nada legalizado e pagar IPTU qualquer um pode pagar. Isso existe há mais de 40 anos", afirmou. Marlene pulou da janela quando a casa começou a desabar, junto com os irmãos que morava com ela, na noite de quarta-feira. "Parece que a casa esperou a gente pular para então despencar morro abaixo", lembrou.
Dez anos de história
Assim como vários outros moradores que conseguiram escapar do desmoronamento no morro do Bumba, no bairro do Viçoso Jardim, em Niterói, Marlene perdeu tudo o que construiu e comprou ao longo dos últimos dez anos.
"Todo mundo sabia que era um lixão proibido para a construção e mesmo assim invadiu. Mas a associação de moradores conseguiu autorização para que as pessoas pudessem morar. Então, ninguém imaginava que isso fosse acontecer, que viesse à tona desse jeito".
Segundo ela, mesmo depois das fortes chuvas que começaram na segunda-feira nenhuma autoridade pediu para que a sua família e os demais vizinhos saíssem. "A gente estava aqui abandonado. Nunca ninguém veio fazer melhoria. Desde 1999 estou aqui e nunca vi uma obra de saneamento básico. O esgoto passava a céu aberto".
12 parentes desaparecidos
A secretária Roberta Bittilher Carlos corrobora as afirmações de Marlene. Ao ouvi-la falar com a reportagem do iG, Roberta disparou: "se as autoridades conheciam o risco e regularizaram as construções,imagina se os moradores iriam pensar em deixar suas próprias casas por medo de uma tragédia dessa pudesse acontecer?"
Roberta não era moradora do morro, mas acompanha o trabalho de resgate, pois está à procura de 12 a 15 parentes que estavam no local na hora do desmoronamento do morro do Bumba, entre tios, primos e primas. A avó foi resgatada da lama na noite de quarta-feira. "Minha avó pagava IPTU regularmente. Eu já paguei o IPTU para ela".
A preocupação de muitos, inclusive de Roberta e Marlene, além de encontrar parentes e amigos, é encontrar a documentação, pois tudo desabou com as casas. "Estamos na rua, sem casa, sem nada. Perdi tudo", conta Mauriceia da Silveira. Ela e outras dezenas de pessoas estão abrigadas em uma igreja evangélica próxima ao local.
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