do R7
Plenário do Supremo deve analisar habeas corpus na próxima semana
Apesar da nova argumentação da defesa do governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, o Ministerio Público Federal manteve a recomendação de que ele deve continuar em prisão preventiva. O parecer foi encaminhado nesta sexta-feira (26) ao ministro Marco Aurélio Mello, relator do habeas corpus de Arruda no STF (Supremo Tribunal Federal). A decisão final sobre o pedido será tomada pelo plenário do Supremo na próxima semana, quarta ou quinta-feira.
Segundo nota da PGR (Procuradoria Geral da República), a defesa do governador reiterou o argumento de impossibilidade de se decretar a prisão preventiva do governador sem autorização da Câmara Legislativa do DF. Também argumentou que não há indícios da participação de Arruda na tentativa de suborno do jornalista Edmilson Edson Sombra – testemunha do inquérito que investiga suposto esquema de corrupção no governo do DF – e alegou que a prisão foi pautada apenas pelo “clamor público”.
Mais cedo nesta sexta, a comissão especial da Câmara do Distrito Federal aprovou o parecer do relator Chico Leite (PT), que pede a abertura de investigação por crime de responsabilidade contra o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM, sem partido). O processo pode resultar no impeachment do governador. Agora o relatório precisa ser aprovado em plenário pela maioria simples dos deputados – 13 dos 24 distritais. Após essa aprovação, o governador tem 20 dias para apresentar defesa e um novo relatório é elaborado. Passado esse prazo, o novo parecer segue para o plenário da Casa, onde deve ser aprovado por dois terços dos deputados, ou seja, 16 dos 24 distritais.
Para construir um fato político com poder de tirá-lo da cadeia, o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), estuda renunciar ou tirar licença do cargo até o fim das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal (PF).
Em seu parecer, a vice-procuradora-geral da República Deborah Duprat reafirmou que a autorização da Câmara não é necessária para prisão preventiva, pois o artigo da Lei Orgânica do Distrito Federal (art 103, § 3º) que põe o governador a salvo de prisão cautelar já foi julgado inconstitucional pelo STF.
No entendimento de Duprat, só a abertura da ação penal dependeria de autorização da Câmara – e tal norma está sendo questionado pela Procuradoria Geral da República no STF e no STJ (Superior Tribunal de Justiça). A vice-procuradora geral concorda que houve “clamor popular”, mas pondera que não foi apenas isso que determinou a decretação da prisão preventiva de Arruda pelo STJ.
“É preciso estar bastante distante do mundo real para não se aperceber que há um cansaço da população brasiliense em relação à “política” de favores, à corrupção em larga escala, envolvendo agentes políticos dos mais graduados e, principalmente, a sua expectativa de que esse estado de coisas possa mudar”, afirma Duprat no parecer encaminhado ao Supremo.”Ainda que o Governador não tenha atuado diretamente, os indícios de sua participação no episódio são numerosos”, afirma o parecer.
A PGR já havia recomendado a manutenção da prisão de Arruda, decretada no dia 11 deste mês por obstrução das investigações do chamado mensalão do DF. O pedido de habeas corpus do governador seria analisado pelo plenário do STF nesta quinta (25), mas o julgamento foi adiado porque os advogados do governador apresentaram novas informações.
Na terça, o vice-governador Paulo Octávio, no exercício do cargo desde a prisão de Arruda, renunciou. O presidente da Câmara Legislativa do DF, Wilson Lima, assumiu.