Disputa de Avatar e Guerra ao Terror esquenta edição 2010 do Oscar

do Correio*

Quando lançou Avatar, o diretor James Cameron tinha algumas certezas na cabeça. Primeiro, que estava fazendo uma revolução com a tecnologia inovadora de captar imagens em 3D. Não há dúvidas quanto a isso: além de ter alcançado a marca de maior bilheteria da história do cinema em menos de um mês (agora, já são mais de US$ 2 bilhões), sua obra foi considerada quase tão relevante quando a introdução da cor ou do som no cinema.

Por causa disso, para ele não haveria concorrência na disputa pelo Oscar. Bom, é dado como certo que a Academia e Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood vai recompensar o diretor com muitas das estatuetas distribuídas hoje, quando acontece a premiação máxima do cinema, no Teatro Kodak, em Los Angeles.

Com promessa de mais glamour e menos enrolação, a festa terá apresentação de Alec Baldwin e Steve Martin, com transmissão para mais de 200 países. No Brasil, a cerimônia será exibida pela Globo/ TV Bahia, em transmissão logo após o BBB10, e pelo canal por assinaturaTNT(Net/Sky), às 22 horas.

Com o tempo, porém,outra certeza se deu. James Cameron não vai sair sem briga de uma batalha que já dava como ganha. Seu principal concorrente, também com nove indicações, foi se revelando aos poucos, na surdina. E, pior, é um inimigo que vemde casa. Ex-mulher de Cameron, a diretora Kathryn Bigelow, de quem ele continua amigo íntimo, cresceu de forma surpreendente sob o olhar da crítica e da plateia americana ao realizar Guerra ao Terror,obra tão polarizadora quanto Avatar.

Apesar de ter faturado US$ 18,5 milhões, o longa-metragem vem sendo qualificado como a primeira grande obra sobre a guerra do Iraque, após quase uma década do ciclo bélico no Oriente Médio. Por ter crescido na reta final, ganhando prêmios importantes, como o Bafta e o da Associação dos Diretores, tem gente apostando alto que Bigelow pode tomar da mão de Cameron o Oscar de direção, já que o de melhor filme é um feito mais difícil.

NO PÁREO

A concorrência cerrada também cerca outras categorias. A de atriz, por exemplo, será disputada entre um monstro sagrado e uma rainha de comédias românticas. Depois de anos sendo termômetro para filminhos água com açúcar, Sandra Bullock começa a ser valorizada como atriz dramática.

Começou com o doloroso Crash/2004, de Paul Haggis. Agora, em Um Sonho Possível, de John Lee Hancock, ela se superou – e passou a crer em si mesma. É com essa nova Bullock que a consagrada Meryl Streep disputa. Curiosamente, num caminho inverso. Streep sempre foi adepta do drama-e, por isso, é considerada a maior atriz viva, com dois Oscar já conquistados. Entretanto, de um tempo para cá, vem relaxando em comédias e musicais, com é o caso de Julie&Julia, filme pelo qual concorre pela 16ª vez.

Apostas menos precisas estão sendo feitas nas categorias de ator. Tem o que merece a estatueta de ator principal há tempos, como George Clooney. Há Morgan Freeman vivendo o mito Nelson Mandela. E há também fortes concorrentes, como Jeremy Renner (Guerra ao Terror), Jeff Bridges (Coração Louco) e Colin Firth (Direito de Amar). De olho no público jovem,a produção do Oscar decidiu atraí-lo para a frente da televisão, convocando para a cerimônia astros adolescentes como TaylorLautner e Kristen Stewart, da saga Crepúsculo, além de Zac Efron e Miley Cyrus.

Curiosidades do Oscar 2010

Cinéfilos de plantão adoram colecionar curiosidades a respeito do Oscar. Como é de esperar, são várias nesta edição. A primeira delas é que, em mais de 60 anos, não eram selecionados mais de cinco títulos na categoria melhor filme. A partir de agora, são dez concorrentes. Avatar e Guerra ao Terror estão empatados com nove indicações cada. A diferença é que o filme dirigido por James Cameron não concorre em nenhuma categoria de atuação.

Três das seis indicações de Amor sem Escalas são nas categorias de atuação, recorde para este ano: George Clooney, Vera Farmiga e Anna Kendrick. Entre os diretores, Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror) é somente a quarta mulher indicada ao prêmio, antecedida por Lina Wertmüller, Jane Campion e Sofia Coppola. Vale dizer também que Lee Daniels (Preciosa) é o segundo negro a entrar para a seleta lista. O primeiro foi John Singleton (Os Donos da Rua/1992), o mais jovem diretor indicado.