Tribuna da Bahia
O presidente do PCdoB na Bahia, deputado Daniel Almeida, disse ontem que são “infundadas” as denúncias do policial militar e ex-militante do PCdoB, João Dias Ferreira, contra o ministro dos Esportes, Orlando Silva, e o partido. O ministro é apontado como principal beneficiário de um suposto esquema de desvio de dinheiro público por meio de convênios de sua pasta com ONGs pelo policial, investigado como um dos integrantes do grupo.
Ontem, através de seu blog, Dias Ferreira aconselhou o partido a “ficar calado antes de sair em defesa de Orlando (Silva)”. E mais, mandou um recado diretamente ao ministro: “estou aguardando ansiosamente ser chamado para apresentar as verdades materializadas”.
De acordo com Daniel Almeida, não só o partido na Bahia, como em todo o país confia no ministro. “Ele está programando sua ida à Câmara dos Deputados esta semana para prestar esclarecimentos. Acreditamos que ele terá capacidade de se explicar. Até porque, não vi nenhuma denúncia que seja sustentada por fatos. Há apenas uma pessoa que o acusa, sem provas. E, se tiver provas, que apresente. O que temos são acusações infundadas”, afirmou o dirigente baiano.
Ontem, o policial do Distrito Federal que acusou o ministro de participar de desvios de recursos chamou-o de “bandido”, em mensagem postada em seu blog na internet. João Dias Ferreira disse que tem como provar as acusações que fez à revista “Veja”. “O que falei pra revista está devidamente gravado e será apresentado às autoridades competentes.” Numa mensagem dirigida ao ministro, Ferreira afirmou: “Você está equivocado, eu não sou bandido, bandido é você e sua quadrilha que faz e refaz qualquer processo do ministério de acordo com sua conveniência e você sabe muito bem disso!”
O soldado da PM, que em 2006 foi candidato derrotado a deputado distrital pelo PCdoB em Brasília, também fez uma ameaça à direção nacional do partido, que ontem soltou uma nota em apoio ao ministro. “Sugestão: era bom o PC do B nacional ficar calado antes de sair em defesa do Orlando sumariamente.”
Em entrevista publicada ontem pela “Veja”, o soldado afirma que Orlando Silva tinha participação direta num esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, que distribui recursos a ONGs para projetos de incentivo à prática de esportes por jovens. Ferreira citou como suposta testemunha das irregularidades um funcionário de sua rede de academias de ginástica, Célio Soares Pereira. Ele afirmou à “Veja” ter entregue dinheiro ao próprio ministro na garagem do ministério, em Brasília, no final de 2008.
Ferreira foi preso em 2010 pela Polícia Civil do DF sob suspeita de envolvimento no desvio de recursos do mesmo programa. Segundo nota divulgada pelo ministro para se defender do conteúdo da “Veja”, atualmente o ministério “exige a devolução de R$ 3,16 milhões, atualizados para os valores de hoje”. Ferreira presidia uma entidade de kung fu que recebeu recursos do ministério nas gestões de Agnelo Queiroz, hoje governador do DF, e Orlando Silva.