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Wagner: Erro de conta ou injustiça?

TERRA | VITOR H. SOARES*

Em lugar do piston na gafieira – sem a surdina – do samba genial de Billy Blanco, peço um minuto de silêncio, no meio do bafafá generalizado de uma das mais encarniçadas disputas de nacos de poder das ultimas décadas no País. Escaramuça iniciada no Palácio do Planalto, pela presidente Dilma Rousseff e articuladores políticos de seu governo, que explodiram a falsa bolha de harmonia e domínio absoluto no Congresso, com reflexos que se espalham agora por outras regiões, a começar pela Bahia, de onde escrevo estas linha.

Um silêncio no meio do tumulto, necessário para leitura e meditação em torno de uma das 100 melhores frases de Ulysses Guimarães – mestre em crises e em política – anotada por sua mulher, dona Mora, no livro “Rompendo o Cerco”, publicado antes do desastre do helicóptero no qual os dois viajavam de volta de um fim de semana de descanso na costa fluminense.

Palavras do velho timoneiro do antigo MDB e da política brasileira no período de resistência a ditadura:

“Na política, como na ciência, o erro é o dramático preço da evolução rumo a verdade. São os deslizamentos, avalanches e quedas que conduzem aos cimos”, dizia o nosso grande Ulysses, cujo corpo jamais foi encontrado no fundo do oceano, depois do acidente. Ateu que acredita em milagre, não duvido dos espiritualistas convencidos da visão de Ulysses sobrevoando, esta semana, os amplos espaços de Brasília, ou pelos céus de Salvador, turvos pelas águas de março que desabam com força e alagam a cidade em desgoverno esta sexta-feira (16).

Vejam, por exemplo, os movimentos e as palavras do governador Jaques Wagner, aparentemente apanhado de surpresa pelos golpes de foice aplicados, pela presidente Dilma, no pescoço de representantes baianos no primeiro escalão do governo federal.

Não percam a conta: Orlando Silva (PC do B), dos Esportes; Mário Negromonte (PP), das Cidades; o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli (PT); Afonso Florence (PT), Desenvolvimento Agrário – este o mais recente decapitado sem aviso prévio e, aparentemente, a gota de fel do Planalto que entornou o copo do governador da Bahia.

Cobrado acidamente e repetidas vezes por oposicionistas, mas principalmente por aliados contrariados com a repentina “perda de espaço e de prestígio da Bahia” (depois do nirvana vivido durante os dois períodos do governo Lula), estado nordestino que deu mais de 2 milhões de votos de frente à Dilma, na disputa com o tucano José Serra, para a Presidência da República.

Convidado e acompanhante preferencial da presidente, em suas mais recentes viagens internacionais (Cuba e Alemanha), o governador Jaques Wagner – provavelmente atordoado com os golpes do Planalto e os pedidos de reação na Bahia – se perdeu nas contas e nas avaliações.

Na reação mais veemente até agora – e ainda assim bastante moderada, em comparação com antigos padrões locais – Wagner preferiu poupar a presidente, amiga e companheira de viagens e jogar a culpa pelas perdas, quase todas, nas costas de seu partido, o PT. “O PMDB do Sarney tem dois ministros do Nordeste. O PSB de Eduardo Campos tem dois ministros no Nordeste. O PT tem dois governadores no Nordeste (Bahia e Sergipe) e não tem nada”, comparou Wagner na entrevista que deu com exclusividade à repórter Patrícia França, do jornal A Tarde.

Subjetivamente ou para efeitos retóricos, dirigidos a ouvidos e olhos menos atentos e exigentes com a verdade factual, o governador Wagner não apenas erra em suas contas, mas comete injustiças. Uma delas particularmente gritante: esquecer que é da Bahia um dos mais destacados, importantes e internacionalmente reconhecidos ministros do atual gabinete de governo de Dilma Rousseff, o ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage Sobrinho, o itabunense ex-prefeito de Salvador – firme e desassombrado combatente contra a corrupção desde o governo Lula.

A Bahia, para ser fiel aos fatos, tem dois ministros com assento no gabinete de Dilma. Além de Hage (escolha pessoal de Lula e Dilma), há ainda Luiza Bairros, ministra da Promoção Social, gaúcha de nascimento mas reconhecida militante política de esquerda da Bahia, que saiu do secretariado estadual de Wagner para compor o primeiro escalão do governo Dilma, por indicação do governador petista.

Esquecimento, descaso ou injustiça das grossas, pura e simplesmente?

Responda quem souber.

*Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site-blog Bahia em Pauta (bahiaempauta.com.br).

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