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Após fama no circuito paralelo, filme brasileiro ‘Boca’ reestreia no 2º semestre com novo final

O Globo

Ex-‘Boca do lixo’, filme entra em cartaz dois anos após primeiras exibições. ‘Não é um filme de violência na favela. Estamos falando de outro submundo.”, afirma diretor.

Daniel de Oliveira na pele de Hiroito, protagonista do filme 'Boca'

Embora jamais tenha frequentado os cinemas do Brasil, o filme nacional “Boca do lixo” vem encontrando – ainda que nem sempre voluntariamente – formas alternativas de chegar ao público. As primeiras exibições formais ocorreram em 2010, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival do Rio. Desde então, o longa, que narra a formatação da célebre área de prostituição paulistana, conheceu trajetória incomum. Foi vendido a uma distribuidora estrangeira, chegou então ao mercado europeu e finalmente regressou ao Brasil, através de sites de compartilhamentos e, segundo reportagem do jornal “O Globo”, das bancas de camelôs.

Houve tempo, aliás, para que a obra mudasse de nome e ganhasse um final diferente: agora, é apenas “Boca”, explica o diretor, Flavio Frederico, recentemente premiado do Cine PE, onde o filme passou com o tal novo desfecho. De acordo com o cineasta, já está agendada uma data para que a obra enfim se enquadre no esquema tradicional do circuito exibidor. “Em agosto ou setembro, ele estará nos cinemas do Brasil.”

A história contada pelo filme adapta a autobiografia de Hiroito de Moraes Joanides (1936-1992), homem que virou bandido após ter sido acusado de assassinar o pai – injustamente, alegava. Como era frequentador da zona de prostituição de São Paulo, por ali se estabeleceu nos anos 1950 e 60, tendo a polícia permanentemente em seu encalço. De ascendência grega, Hiroito recebeu o nome em homenagem a um imperador do Japão, Hirohito (1901-1989).

A atriz Hermila Guedes, à esquerda, vive uma prostituta no filme

Flavio Frederico acredita que se trata de um assunto “com potencial” para atrair o interesse do espectador. “Está fazendo sucesso nos camelôs da zona norte do Rio porque é um filme brasileiro, meio policial, gangster, noir”, afirma, referindo-se ao “gênero” associado a produções que retratam detetives ou similares enredados em tramas sobre submundo, com direito àfemme fatale etc. O assunto “Tropa de elite” (2007) é levantado em seguida – e o diretor prefere afastar comparações que possam ir além da existência prévia no formato pirata. Argumenta que seu trabalho “tem tamanho muito menor” que o do filme dirigido por José Padilha e protagonizado por Wagner Moura.

“Eu sou produtor e realizador [de ‘Boca’]”, explica Frederico. “Como produtor, fiquei triste [com a aparição da versão pirata]. Como realizador, digo que não. Sabendo que ele faz sucesso, pô, que legal, fico feliz. Espero que isso não atrapalhe, mas ajude.”

Sobre o porquê do interesse antecipado, ele recorre uma vez mais ao tema do filme. “É um filme de um gênero que o povo gosta, o policial. E traz algumas novidades: por exemplo, não é um filme de violência na favela. Estamos falando de outro submundo, de um personagem que veio da classe media alta, e é de outra época. Imagino deva existir também a vontade de ver esse ator, o Daniel de Oliveira [intérprete de Hiroito]. Ele está transformado no filme.” Do elenco, fazem parte Milhem Cortaz e as atrizes Hermila Guedes e Leandra Leal.

A despeito de tais supostos atributos e do apelo, Frederico lembra-se de que demorou a conseguir uma distribuidora para “Boca”. Para ele, o trabalho não segue “a receita de bolo das distribuidoras” – “não é um filme modelo do cinema americano tradicional, feito para agradar o público”. Contribuiu também o fato de ser obra de um cineasta apenas em seu segundo longa de ficção: possíveis parceiros relutavam em firmar contrato com alguém “fora do mainstream”, conta o diretor, que achou antes um distribuidor internacional. Tanto é que, em 2011, “Boca” chegou a alguns países da Europa, via Universal Pictures.

Leandra Leal, em cena de 'Boca'

“Nessas, aconteceu de o DVD ser lançado naquela região e ter vindo parar na mão dos caras que piratearam. Não foi uma cópia daqui.” Questionado se o filme passou antes nos cinemas europeus, Frederico afirma não ter certeza. “Não é uma relação muito fácil e transparente. Mas o contrato era [ir para] sala de cinema em digital e [depois] DVD e bluray.”

No Brasil, quem distribui “Boca” é a NOSSA Distribuidora, empresa criada no ano passado por sete produtoras do país, dentre elas Conspiração Filmes, O2 Filmes e Zazen Produções, de José Padilha. Representando a NOSSA, o distribuidor Marco Aurélio Marcondes diz que a existência das cópias ilegais do filme de Frederico “não altera a estratégia de distribuição, ao contrário”. “Creio que, se por um acaso nós viermos a ter o pirata comprovado, o que eu ainda não tenho, isso pode funcionar como mídia. Tenho uma visão muito liberal quanto à questão dos direitos, mas não aposto nisso [na pirataria], não gosto disso.” De acordo com Marcondes, “Boca” vai estrear “em 60 ou 80 salas”. Em 2008, “Tropa de elite” chegou a ocupar 321, informa o portal Filme B, que monitora o setor.

A mudança do nome de “Boca do lixo” faz parte desse esquema de lançamento, justifica Frederico. Em sessões de teste, ele observou que “do lixo” causava alguma rejeição. Além disso, havia o risco de o público imaginar que se trata de uma produção filiada à estética da Boca do Lixo, que décadas atrás servia de cenário a filmes eróticos. Por fim, ele menciona uma confusão aparentemente improvável: “O filme chegou até a ser convidado para uma mostra sobre resíduos sólidos, sobre lixo. Recebi um e-mail [com o convite] e pensei: ‘Devem estar achando que é filme [documentário] do Eduardo Coutinho’!”.

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