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ACM Neto diz que Wagner e Dilma têm obrigação de ajudar Salvador

Tribuna da Bahia

“Eu não vou ficar com essa coisa de ficar chorando no ombro de ninguém. Eu quero ser parceiro, vou buscar o apoio, quero que eles ajudem”, afirmou o candidato do DEM em entrevista exclusiva.

Confiante de que conseguirá convencer o eleitor e que ainda sairá com a vitória na disputa pelo Palácio Thomé de Souza, o candidato da coligação É Hora de Defender Salvador, ACM Neto (DEM), quer aproveitar a reta final de campanha para enfatizar sua mensagem de que “Salvador pode andar com as próprias pernas”.

“Vou mostrar que essa tática do medo e da chantagem não cola em Salvador, que esse discurso que tentam impor de que o prefeito tem que ser do mesmo partido do governador e da presidente não é o mais importante para a cidade”. Numa tentativa de combater o discurso do seu adversário Nelson Pelegrino (PT), o democrata argumenta que existem vários exemplos de prefeitos que são ligados aos governadores, mas que não fizeram boa administração. Ele também cita casos onde não há o alinhamento e que, no entanto, os prefeitos tiveram como marca uma boa gestão.

O candidato justifica que nunca ouviu da presidente Dilma Rousseff (PT) e do governador Jaques Wagner (PT) qualquer palavra que indique que haverá perseguição ao prefeito que não for do mesmo partido e acrescenta: “Eu não vou ficar com essa coisa de ficar chorando no ombro de ninguém. Eu quero ser parceiro, vou buscar o apoio, quero que eles ajudem, quero que eles invistam, e vão investir. Salvador vai ser sede da Copa do Mundo, é a terceira maior cidade do Brasil, é uma cidade superimportante, deu uma expressiva votação a Wagner, deu uma grande votação a Dilma. Eles têm obrigação com a nossa cidade e vão investir na nossa cidade”, afirmou, frisando ainda que não poderá transferir certas responsabilidades para o gestor estadual e para a líder da nação, pois algumas demandas só o prefeito é quem pode resolver.

Nesta entrevista, Neto também admite que a eleição pode ser decidida em dois turnos e que na segunda etapa haverá chance de maior equilíbrio, pois os dois concorrentes terão o mesmo tempo de televisão e rádio.

Entretanto, questionado se já teria conversado com o PMDB – que tem como candidato Mário Kertész – sobre um suposto apoio para o segundo turno, o democrata diz que: “As conversas não começaram ainda e não poderiam ter começado por respeito aos adversários. Eu acho que seria um desrespeito da minha parte procurar qualquer um dos cinco concorrentes “.

Tribuna – Como vê a consolidação da sua candidatura nesta reta final da campanha?
ACM Neto
– Eu acho que chega consolidada. Nós conseguimos manter um bom nível na campanha eleitoral até agora, apesar de estarmos sendo muito atacados, alvo de manipulações, de injustiças no horário político. Ainda assim a gente consegue manter uma densidade, uma consistência junto à população. Eu acho que chegamos com bastante fôlego pra enfrentar esta reta final da campanha e muito animados com a hipótese de vencer a eleição, que vai ser decidida em outubro deste ano. Estou muito confiante em um resultado de vitória.

Tribuna – O senhor está conseguindo convencer a população de que vai ser possível resgatar os serviços públicos que são prestados pela prefeitura?
ACM Neto
– Acho que sim. A nossa campanha tem três pilares fundamentais. O primeiro pilar é a necessidade de arrumar a casa. O segundo é de chegar junto; é de ter um prefeito que atue próximo aos problemas e tenha um acompanhamento direto de tudo que vem acontecendo na cidade; e o terceiro é de só prometer o que a gente pode cumprir. Eu estou sendo muito cuidadoso com as propostas apresentadas em meu programa eleitoral exatamente para ter tudo isso calçado na viabilidade, na possibilidade de tirar do papel e de implementar quando eleito eu for. Por isso mesmo é que eu acho que nós conseguimos mostrar que a cidade é viável, é governável, e que ela pode andar com as próprias pernas. No nosso plano emergencial, o que queremos fazer nos primeiros seis meses vamos fazer com os recursos que já existem hoje na prefeitura, exatamente revendo contratos, diminuindo os cargos de confiança, evitando o desperdício, fazendo sobrar. Com o que a prefeitura já arrecada hoje dá para custear, dá para alcançar e atender as necessidades emergenciais. E é claro que com um planejamento, com uma gestão mais eficiente, com uma eficientização da receita da prefeitura e com o crescimento econômico que nós queremos induzir, aí a prefeitura vai ter condições para ampliar o seu investimento próprio e realizar as obras estruturantes que a cidade tanto precisa.

Tribuna – Agora candidato, o senhor cada vez mais visita a cidade e cada vez mais se integra à sociedade. O que mais lhe choca nesta Salvador de hoje?
ACM Neto
 – O que mais me choca é ver que parcela da população perdeu um pouco do seu próprio compromisso com a cidade. Isso deriva de quê? Isso deriva da falta de liderança, da falta de exemplos por parte dos governantes, daqueles que lideram a nossa cidade. Então, quando você uma pessoa jogar papel na rua, quando você uma pessoa estacionar em local impróprio. Tudo isso mostra que a precisamos fazer um trabalho que não é apenas do prefeito, mas tem que ser de mobilização de toda a sociedade, de conscientização de todos de que tem que haver um esforço coletivo de recuperação da cidade, de devolver o respeito à cidade, de fazer Salvador voltar a brilhar. Os problemas são muitos, agora esses problemas não podem levar ao desencanto, e eu sinto que parte da população está desencantada. Então, o que vamos precisar fazer? Motivar as pessoas e fazer com que elas possam continuar tendo esperança no futuro de Salvador.

Tribuna – Que garantia a população vai ter que suas propostas para destravar o trânsito serão cumpridas?
ACM Neto
 – Nós temos propostas a curto, a médio e longo prazo. A curto prazo, nós precisamos organizar a cidade, enfrentar esse problema da falta de estacionamentos, que leva as pessoas a pararem o carro em local proibido e a comprometerem as vias de trânsito nas ruas de Salvador. Nós temos que implantar um sistema de semáforos inteligentes, interligados a uma central de controle. Esses semáforos vão agir em tempo real. O ganho que nós vamos dar de fluidez é de 30%, ou seja, vamos aumentar a velocidade média de deslocamento nessas vias. Mas também temos que ajustar as ações e inteligência de tràfego com a melhoria da qualidade do serviço de transporte público, e é claro que a prioridade deve ser o transporte coletivo. Com isso, nós temos que aproveitar a licitação das linhas de ônibus para garantir pelo menos a implementação de 40 km de corredores exclusivos, a renovação completa da frota em quatro anos em 100%, mais segurança para os ônibus, seja para motorista, cobrador e passageiro, garantir uma reorganização das linhas. As linhas de ônibus representam uma cidade que não é mais a Salvador do presente, mas a Salvador do passado, com uma geografia diferente da atual. Então, alguns trajetos que você poderia fazer em trinta minutos está se fazendo em três horas, exatamente por essa necessidade de reorganização das linhas de ônibus. Além disso, todo esse sistema tem que vir integrado à complementação do metrô, funcionamento dos seis quilômetros já concluídos entre a Estação da Lapa e a Rótula do Abacaxi e a complementação da linha que leva a Pirajá, e eu defendo que vá até Cajazeiras. Acho inclusive que aí é a maior demanda, é onde existe maior inteligência para o metrô de Salvador, mais até do que a Paralela. E, por último, a construção da linha 2, exatamente trazendo o metrô de Lauro de Freitas, cortando a Paralela, Bonocô e se interligando à linha 1. Quando nós tivermos a conclusão de todo o sistema do metrô, se o trânsito já vier mais organizado e se o transporte dos ônibus melhorar a qualidade, a fluidez, o tempo de deslocamento e o serviço à comunidade, certamente teremos uma parte dos problemas do trânsito superada.

Tribuna – Como vai ser a relação do governo do estado e do governo federal com uma eventual administração do Democratas, já que muitas dessas obras de grande porte virão das parcerias?
ACM Neto
 – Muitas dessas obras já estão carimbadas e garantidas e vão acontecer independentemente se o prefeito é ACM Neto, é Nelson Pelegrino ou Hamilton Assis, do PSOL. Não interessa o partido do prefeito. As obras que, por exemplo, compõem o PAC da mobilidade e o metrô estão dentro dessas obras, estão asseguradas, contratadas. E eu quero aqui fazer um registro: o governador Jaques Wagner e a presidente Dilma Rousseff – embora tenham um candidato de seu partido e é legitimo que tenham –, hora nenhuma eles vieram a público dizer que vão perseguir Salvador se o prefeito for do Democratas, que é o meu partido. Hora nenhuma isso aconteceu. Vou dizer mais: se eleito prefeito, eu vou procurar o governador, vou procurar a presidente e vou deixar claro que a disputa acabou e que o palanque foi desfeito. O prefeito ACM Neto só vai se preocupar com eleições em 2016, e vai querer fazer um trabalho de colaboração, um trabalho harmônico e um trabalho inteligente com o governador e com a presidente. E não haverá nenhum problema que eles possam capitalizar politicamente e eleitoralmente os investimentos que façam em Salvador. Eu quero ser, inclusive, um facilitador pra que esses investimentos possam alcançar uma quantidade cada vez maior de pessoas na cidade, portanto, da minha parte não haverá nenhuma dificuldade de manter uma boa relação com as duas esferas de governo.

Tribuna – E a orla? O que as pessoas terão de mudança e quando isso vai acontecer?
ACM Neto
 – Ações de médio prazo e de curto prazo. Ações de curto prazo: iluminação, presença da Guarda Municipal, com câmera e operação de videomonitoramento, limpeza e organização do trânsito da orla de Salvador. Essas cinco são ações de curtíssimo prazo que podem ser feitas apenas com a determinação, com pulso firme e com a presença da prefeitura. Você já vai ter um ambiente muito mais agradável, muito mais limpo e seguro para as pessoas desfrutarem. Feito isso, estão criadas as condições para criarmos um projeto de recuperação e requalificação da Orla de Salvador. Na nossa proposta de governo, esse projeto está contemplado em três braços: a orla atlântica, que vai do Farol da Barra (na verdade do Porto da Barra) até a divisa com Lauro de Freitas na praia de Ipitanga, a orla da Ribeira, na Península Itapagipana, e a orla do Subúrbio. Nessa última, nós queremos explorar o potencial do turismo náutico da Baía de Todos os Santos e fazer a integração do Subúrbio Ferroviário com as ilhas para tirar proveito econômico dessa orla do Subúrbio que não tem proveito econômico hoje. Na orla da Península Itapagipana, nós temos a proposta de implantar uma operação urbana consorciada que implica atrair recursos da iniciativa privada e intervir na área de infraestrutura de transporte e de trânsito, para garantir mobilidade, e de requalificação imobiliária. O empresário vai garantir os investimentos que a prefeitura sozinha não pode fazer por não ter recursos, e por outro lado ele vai ganhar na valorização de terrenos e imobiliária naquela região que tem, em minha opinião, um apelo turístico importantíssimo, hoje não aproveitado. Na orla atlântica, a ideia é fazer um projeto de ampliação do calçadão. Nós já iniciamos um estudo de viabilidade e em diversas áreas dessa orla é possível ampliar o calçadão. Eu começaria pelo Farol da Barra até Ondina, sendo esse o primeiro espaço para intervenção de ampliação do calçadão. A ideia é, sempre que houver espaço físico, ampliar o calçadão. Claro que vai ter também de mudar o trânsito, e os estudos de impacto sobre o trânsito já estão sendo feitos. Com isso nós vamos ter uma iluminação diferenciada para gerar aproveitamento não só durante o dia, mas também à noite, como acontece no Rio de Janeiro. Nós vamos ter um projeto de aproveitamento da retro praia. A retro praia de Salvador não está sendo aproveitada. Quando olhamos, por exemplo, para a área do Aeroclube até a praia de Piatã, temos uma retro praia lindíssima, mas que está sendo ocupada por alguns imóveis fechados, outros com uma estrutura física comprometida. Devemos aproveitar isso fomentando o comércio, fomentando hotéis, bares, restaurantes e comércio de rua, inclusive com o incentivo fiscal e tributário, que faz parte de nossa ideia de recuperação da orla atlântica de Salvador.

Tribuna – Como viabilizar suas propostas? Qual a fórmula para gerir Salvador com a dificuldade de orçamento?
ACM Neto 
– Para as ações urgentes e imediatas, nós vamos economizar com os recursos já existentes hoje. Nós vamos melhorar a qualidade da despesa pública, revendo contratos, diminuindo os cargos de confiança, evitando o desperdício e fazendo sobrar com o que existe hoje, fazendo atender as medidas emergenciais da cidade. Vamos começar logo no primeiro dia a operação tapa-buracos, limpeza urbana, melhoria na iluminação, Guarda Municipal trabalhando, câmera de videomonitoramento instalada, implantação do sistema de organização do trânsito. Essas são ações imediatas e serão feitas com os recursos que existem hoje. Agora, quais serão nossos esforços para melhorar a arrecadação de Salvador? Primeiro modernizar a Secretaria da Fazenda, que tem uma estrutura ainda da década de 80. Nós temos que informatizar a Secretaria da Fazenda, fazer concurso para auditor fiscal, ampliar a aplicação da nota fiscal eletrônica do ISS. Ela começou a ser implementada pela atual gestão, mas precisa virar uma cultura na cidade. Para ela virar uma cultura, vamos implantar o Programa Nota Fiscal Cidadã, onde todo cidadão vai ser estimulado a pedir a nota fiscal do ISS e aquele que reunir notas fiscais do ISS vai ter abatimento em seu IPTU. Nós vamos fazer um censo da dívida ativa. A dívida ativa da cidade gira em torno de R$9 bilhões, porém existem créditos que são recuperáveis, que podem ser revertidos em recursos para os cofres da prefeitura e outros que são podres. Fazer um censo da dívida ativa é fundamental, e dotar a procuradoria do município de condições para buscar a recuperação desses recursos que são saudáveis e podem ser recuperados. Nós vamos ter uma equipe qualificada, de técnicos preparados para elaborar bons projetos, aqueles que podem ser levados aos organismos de financiamento externo, e Salvador ainda tem capacidade de contrair empréstimo. Não faz isso porque não tem projeto. Nós vamos bater na porta do Banco Mundial em Washigthon e vamos buscar recursos, que são com financiamento de longuíssimo prazo e que não geram impacto no orçamento da prefeitura e que vão viabilizar obras de infraestrutura, de mobilidade, entre outras. Nós vamos buscar recursos também em Brasília, porque existem recursos, projetos, muitos deles independente de o prefeito ser do partido A ou B, mas é preciso preparar o projeto e levar. Além disso, nós vamos montar um fundo que vai dar suporte, que vai dar lastro para parcerias público-privadas. O município de Salvador tem alguns ativos, inclusive terrenos em áreas valiosíssimas. Uma parte pequena desses ativos queremos destinar para reduzir o déficit previdenciário, hoje algo em torno de R$170 milhões. A outra parte eu quero montar um fundo de PPP e vou atrair o capital privado para investir em obras estruturantes. Vamos também desenvolver duas operações urbanas consorciadas, uma a que eu já citei, que é a de requalificação da área da Península Itapagipana, e a outra exatamente de recuperação na Salvador antiga, que tem o Centro Histórico como seu coração principal. Por último, eu tenho a ideia e estou apresentando a ideia de criação de uma agência de fomento municipal que vai ter a responsabilidade de atrair, de buscar e capitalizar todos esses investimentos e recursos que hoje estão disponíveis no Brasil e no mundo.

Tribuna – Há possibilidade de chamar a iniciativa privada para investir em equipamentos que estão abandonados, como a Estação da Lapa, o Elevador Lacerda?
ACM Neto
 – A minha ideia é que, como contrapartida da concessão do transporte público que vai ser feita para as empresas que eventualmente vencerem essa licitação, elas sejam obrigadas a requalificarem todas as estações e os pontos de ônibus de Salvador, elas vão financiar as centrais de controle e financiar a recuperação dos elevadores e dos planos inclinados de nossa cidade.

Tribuna – O que fazer para arrumar Salvador para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo?
ACM Neto – A ideia é que para a Copa das Confederações a cidade já tenha implementado todas essas ações que falei aqui em seis meses, para termos uma cidade muito mais limpa, muito mais organizada, muito mais segura e sem tantos buracos nas ruas, sem o trânsito tão caótico, portanto, já com essas ações urgentes resolvidas. Para a Copa do Mundo, que aí nós temos mais tempo, sendo um ano e meio de calendário, a ideia é já implementarmos os projetos de médio e longo prazo, principalmente aqueles projetos que possam alavancar o turismo da cidade, porque o turismo de Salvador tem que ser visto como o principal instrumento econômico da cidade. E a Copa do Mundo não pode ser entendida como um evento de trinta dias porque o turista que vem para Salvador ele pode ou sair falando bem ou falando mal da cidade. E se ele sair falando mal da cidade, ele fatalmente será um agente multiplicador de repulsão, ou seja, ele vai disseminar ideias que vão fazer as pessoas não virem a Salvador. Com isso, eu acho que até a Copa do Mundo nós vamos precisar ter os principais pontos turísticos recuperados, um programa de intervenção no Centro Histórico que seja visível aos olhos dos turistas. Nós vamos precisar ter um sistema de transporte público bem mais eficiente, com funcionamento de pelo menos toda a linha 1 do metrô e com os corredores exclusivos dos ônibus implantados e com os ônibus bem mais qualificados do que o temos hoje. Temos que ter uma agenda e um calendário de eventos culturais e de entretenimento que não pode ser apenas nos dias de Copa, mas para o ano inteiro, para haver movimentação econômica.

Tribuna – Como vai ser a relação com o Ministério Público, com o Tribunal de Justiça e com a Justiça Federal, pois temos processo do Aeroclube, processo da orla? Como o senhor ira conduzir isso?
ACM Neto
 – Eu vou conduzir como conduzi sempre em dez anos de atuação em Brasília. Eu era corregedor e vice-presidente da Câmara dos Deputados nos anos de 2009 e 2010 e havia sempre uma relação difícil entre o poder Legislativo e o Ministério Público, sobretudo em relação a desvios de procedimento de deputados federais. Nós montamos um grupo de trabalho permanente para antecipar os problemas, e é o que eu quero fazer na prefeitura. Eu quero montar um grupo permanente de discussão com o Ministério Público, com o Tribunal de Justiça, para não deixar acontecer o que aconteceu com a Louos, porque, se houvesse uma relação mais afinada, mais colaborativa, mais inteligente do Executivo com o Ministério Público, não teria chegado aonde chegou. A gente sabe, por exemplo, que no caso da Louos houve um certo açodamento por parte da Câmara de Vereadores na apreciação da lei, da mesma forma que levou para a lei questões do PDDU, que até hoje não foi votado. E isso tudo gerou a necessidade de o Ministério Público se pronunciar e depois da Justiça responder ao pronunciamento do Ministério Público. Caso eu seja prefeito, quero, por um lado, demonstrar liderança na prefeitura, presença da autoridade pública no comando do Executivo municipal, mas, por outro lado, ter muito diálogo e uma relação harmônica e colaborativa, tendo um grupo permanente de trabalho antecipando os problemas. No caso ainda do PDDU e da Louos, caso eu seja prefeito, fatalmente, nós vamos precisar rever para ajustar ao plano de desenvolvimento econômico que nós temos para a cidade.

Tribuna – O que ACM Neto faria de diferente do prefeito João Henrique?
ACM Neto
 – A primeira coisa que eu faria é não permitir a divisão partidária dos cargos da prefeitura. Eu acho que esse é o ponto de partida. Eu tenho obrigação de trabalhar com os mais qualificados. Os cinco partidos que integram a minha coligação sabem que nenhum deles terá o direito de impor nomes ou de pleitear barganhas político-partidárias com o Executivo municipal. Eu terei liberdade para compor um governo de pessoas qualificadas e experientes sem necessariamente o carimbo partidário. E quero dizer mais: não terei dificuldades de recorrer a bons quadros de nenhum tipo de corrente ideológica porque o meu dever é governar para todos. Eu não vou governar só para um pensamento ou para o pensamento do meu partido ou dos cinco partidos que integram a minha coligação, de forma alguma. É preciso fazer um governo plural, um governo que respeite a diversidade de Salvador e um governo que surpreenda porque, como a cidade passa por um momento muito difícil, vai ser muito importante que os principais nomes da administração tenham respeitabilidade, tenham aceitação social e tenham respaldo técnico para fazer o trabalho. Eu diria que a primeira coisa, a maior diferença para a atual gestão é essa: a forma de recrutar seus colaboradores. E é claro não dá para o prefeito governar apenas do Palácio Thomé de Souza. Ele tem que governar nos bairros. Um dos carros-chefes de minha campanha é propor a implantação das prefeituras bairro. Vamos extinguir as atuais administrações regionais que servem apenas de cabides de emprego para indicações políticas de vereadores e ex-vereadores e vamos implantar estruturas técnicas de descentralização administrativa. A prefeitura bairro vai ser o braço da prefeitura. Claro que você vai ter uma prefeitura que vai responder por um conjunto de bairros. Só que a pessoa vai ter condições de cobrar diretamente e essa prefeitura bairro vai ter autonomia para fazer, por exemplo, operação tapa-buraco, recuperação de escadaria, contenção de encosta, recuperação de quadras, analisar o funcionamento dos postos de saúde, das escolas municipais. É bem diferente do modelo atual que é bastante centralizado na figura do prefeito e nos secretários que cercam o prefeito.

Tribuna – O primeiro escalão da prefeitura está no tamanho certo, inchado ou aquém do necessário?
ACM Neto
 – Eu acho que o conjunto geral está inchado, ou seja, existe uma quantidade geral de cargos de confiança maior do que o necessário e uma das providências que eu quero dar é diminuir os cargos de confiança de todos os órgãos da prefeitura em 30%, portanto, vamos começar com um patamar bem inferior ao atual. Nós vamos ajustar na medida das necessidades de cada órgão e cada setor. O número de secretarias hoje não é excessivo, até porque quando João Henrique assumiu o segundo mandato diminuiu. Agora, o que pode acontecer é uma reestruturação administrativa com a extinção de algumas e criação de outras. Eu, por exemplo, quero criar uma secretaria de prevenção à violência que eu acho que é muito importante para cidade, e pode ser que precise tirar uma. O número de secretarias é adequado, mas o quadro geral de cargos de confiança está exagerado e eu penso em reduzir.

Tribuna – Vamos à política. As avaliações demonstram que o senhor tende a ir para o segundo turno. Já conversou com o PMDB sobre um possível apoio no 2º turno? Como está essa relação política?
ACM Neto
 – Eu sempre trabalhei com a hipótese, internamente, de uma eleição em dois turnos, até porque eu sabia que o meu desafio primeiro era acumular uma diferença na primeira fase da campanha para depois administrar essa diferença na segunda fase. Essa primeira fase é marcada por um tempo desproporcional de televisão, sendo que eu tenho três vezes menos tempo do que o meu adversário Nelson Pelegrino, do PT, tempo esse que é usado numa parte considerável para me atacar, me ofender. No segundo turno, a realidade será outra, pois os dois terão o mesmo tempo de televisão. Serão propagandas diárias, cada um com dez minutos, cada um com 20 inserções comerciais. As conversas para o segundo turno não começaram ainda e não poderiam ter começado por respeito aos adversários. Eu acho que seria um desrespeito da minha parte procurar qualquer um dos cinco concorrentes para falar de segundo turno. Nós temos ainda duas semanas de campanha até a eleição. E em duas semanas tudo pode acontecer. Eu não posso subestimar a força de nenhum dos candidatos. Na hora certa nós vamos procurar, talvez nos últimos dias do primeiro turno, quando o quadro estiver inteiramente consolidado e definido, ou no início do segundo turno. O mais importante é que eu acho que o segundo turno é outra eleição. Essa história de que: – ah, o candidato conduz o voto, o candidato influencia o eleitor. Não existe isso. O eleitor é dono de seu voto e está cada vez mais livre para fazer a sua escolha. O segundo turno vai ser o confronto entre os dois que forem para ele, se houver segundo, e será a comparação entre os dois candidatos

Tribuna- Incomodou o discurso do ex-presidente Lula no comício do candidato Nelson Pelegrino aqui em Salvador?
ACM Neto
 – Não. Não foi nenhuma surpresa.

Tribuna – O que vai fazer nesta reta final para convencer o eleitor de Salvador?
ACM Neto 
– A primeira coisa é mostrar que o povo de Salvador é livre para fazer as suas escolhas, que essa tática do medo e da chantagem não cola em Salvador, que esse discurso que tentam impor de que o prefeito tem que ser do mesmo partido do governador e da presidente não é o mais importante para a cidade. Nós temos “n” exemplos de prefeitos que são do mesmo partido e que estão sendo muito mal avaliados. O do Recife que é do PT é um exemplo categórico, pois nem candidato à reeleição é. Não é candidato à reeleição podendo ser, mas não foi por causa do governo ruim que fez na capital pernambucana. Temos outros exemplos de prefeitos que não do mesmo partido, nem são ligados aos governadores, mas que fizeram uma grande gestão. Eu acho que é mostrar que a cidade é viável e que pode andar com as próprias pernas, que boa parte dos recursos está assegurada, as transferências constitucionais são obrigatórias, e que já existe um conjunto de obras previstas para a cidade independente do prefeito, já estão contratadas. E mais ainda, vou mostrar que o esforço principal depende do prefeito. Se eu for prefeito de Salvador, não vou transferir a responsabilidade para o governador e a presidente. Eu não vou ficar com essa coisa de ficar chorando no ombro de ninguém. Eu quero ser parceiro, quero que eles ajudem, vou buscar o apoio, quero que eles invistam e vão investir. Salvador vai ser sede da Copa do Mundo, é a terceira maior cidade do Brasil, é uma cidade superimportante, deu uma expressiva votação a Wagner, deu uma grande votação a Dilma. Eles têm obrigação com a nossa cidade e vão investir na nossa cidade. Agora, não adianta o prefeito achar que quem vai tapar o buraco é o governador, que quem vai garantir o médico no posto é a presidente, que quem vai criar a creche é o governador, que quem vai organizar o trânsito é a presidente. Não adianta transferir essas responsabilidades porque elas são do prefeito. As outras coisas que eles podem ajudar, eles vão ajudar à medida que perceberem que a cidade é bem governada e tem um bom gestor. Sei que vou assumir uma cidade cheia de problemas, mas eu espero que daqui há quatro anos essa cidade possa ter avançado muito, possa está em outro patamar de atenção às suas pessoas, de redução à enorme desigualdade e pobreza que existe em Salvador. É isso que eu espero fazer caso eu seja prefeito.

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