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Artigo: Candidatos ao folclore político brasileiro

Por Wolmar Carregozi* | Acessemed

Desde que foi instituída pela lei Nº 4.737, de 15 de julho de 1965, que criou o Código Eleitoral Brasileiro, a propaganda eleitoral gratuita, além do seu caráter informativo sobre o perfil dos candidatos a cargos eletivos, tem nos brindado com algumas pérolas, que têm características hilárias e, muitas vezes, absurdas.

Assim, entre uns poucos que salvam a lavoura, encontramos figuras sem noção, sem instrução e sem direção oferecendo-se como candidatos ao que eles mesmos não sabem direito o que significa.

Em Vitória da Conquista e região, ouvindo o HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO, registrei algumas “preciosidades” debutantes no folclore político local. A maioria dos candidatos tem raízes na zona rural e, portanto, mesmo tendo frequentado bancos escolares, mantém a rudeza cognitiva e a dificuldade para articular bem e pronunciar as palavras com clareza.

Desta maneira, é comum ouvirmos “frases memoráveis” como a de uma candidata a prefeita, numa cidade do sertão baiano: “CHEGOU A VEZ DA MULHER MOSTRAR A SUA CAPACIDADE NO PODER PÚBICO!” (púbico significa: referente à região púbica – a região dos órgãos genitais).

Tem um que faz um convite um tanto estranho: “QUERO SER SEU PARCEIRO NA CAMA!” Um candidato a reeleição, se vangloria de ter indicado o povoado de Pé de Galinha como local para a construção do novo aeroporto, como se isso não necessitasse da aprovação da Infraero e a população estivesse muito satisfeita por lhe tirarem o sossego.

Tem candidato que promete o que não sabe do que se trata. Um deles quer trazer a energia eólica que a administração municipal atual não trouxe, demonstrando não saber que para tal implemento é necessário que haja na cidade corrente de vento intensa e constante, que não é o caso de Vitória da Conquista.

Mostrando a bravura do povo nordestino, surge outra que pede aos eleitores que acertem “NA CABEÇA, NO CORAÇÃO E NA URNA!”. Em dado momento, aparece um que desperta uma sensação de “piada atrasada” (aquele retardatário que ri da piada depois que não tem mais graça): “PARA NOSSA ALEGRIA! VOTE EM MIM! PARA NOSSA ALEGRIA!”

Por muitos anos, Vitória da Conquista conviveu com um evento público que só trazia prejuízo: a Micareta. A cidade era invadida por traficantes, bandidos e meliantes de toda espécie. Muitos habitantes se retiravam da cidade nesta época. Quando, finalmente, a Micareta passou a ser realizada em ambiente fechado, até os promotores do evento admitiram que foi melhor assim. Eis que surge um “inspirado” candidato que promete lutar para trazer de volta a Micareta. Fala sério! Nem um, que se diz “ABESTADO” concorda com isso.

E o show de horrores continua, a grande maioria fala que a situação precisa melhorar, mas não aponta soluções. Ou melhor, tem pelo menos um, que não tendo plataforma e sendo ciclista, convida o eleitor a pedalar: “VAMOS PEDALAR JUNTOS!”.

Há um candidato, de uma cidade próxima de Vitória da Conquista, querendo que o hospital municipal volte a realizar partos, demonstrando total desconhecimento de que, atualmente, existe uma série de exigências para a realização do trabalho obstétrico, tais como: presença de obstetra, neonatologista, serviço de berçário, anestesista, proximidade de UTI neonatal, banco de sangue, etc., possibilidade que ainda pertence a um futuro extremamente remoto.

A dramatização também é utilizada com um certo abuso por parte de alguns partidos, que simulam diálogos entre caipiras que muito pouco se assemelham aos moradores da zona rural, na região sudoeste baiana. Na verdade, este tipo de esquete chega a ser desconfortável, pois, ninguém quer ser satirizado como caipira.

Tem também um apresentador paraibano que diz: “VOU ALI E JÁ VOLTO”, talvez pensando que a sua volta seja ansiosamente esperada. Vale apelação de todo jeito, até mesmo colocar a cadeira de rodas saindo na foto, como fez um candidato a vereador. Estando no século 21, ainda temos que ouvir coisas do tipo: “AONDE VOCÊ VAI COM A SUA HILUX, EU VOU COM O MEU JEGUE!”

Já um candidato a prefeito que, por não ter visitado ninguém antes da campanha, agora faz disso uma bandeira: “ELE NÃO VAI NA CASA DE NINGUÉM PARA NÃO INCOMODAR!” (No melhor estilo “se colar, colou!”). O ponto alto do programa é quando o Célio Santos, com aquele vozeirão, comunica: “DESFAZ-SE AQUI, A REDE DE TRANSMISSÃO DO PROGRAMA ELEITORAL GRATUITO DO TRE”.

*Wolmar Carregozi é clínico geral, ginecologista, obstetra, médico do trabalho e articulista do Acessemed.com.br

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