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Polícia técnica analisa vídeo que pode provar crime de compra de votos em Tanhaçu

Tribuna do Sertão

Gravações foram feitas no início de setembro. Prefeito de Tanhaçu aparece nas gravações. Perícia já concluiu que não houve manipulação das imagens.

Uma gravação feita por câmeras de segurança, instaladas no interior de uma residência, pode ter registrado uma possível compra de votos em Tanhaçu. As câmeras foram colocadas no local pela dona da casa, com a intenção de monitorar os três filhos, já que ela e o seu marido trabalham muito, praticamente não ficam em casa e deixam os filhos aos cuidados da babá.

A gravação na íntegra, com áudio e vídeo e com cerca de três horas de duração, foi encaminhada aos representantes da Coligação ‘Tanhaçu vai voltar a crescer’. Eles enviaram então alguns trechos do material para o Perito Relator, o engenheiro eletrônico, bacharel em direito e perito criminal do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto do Departamento de Polícia Técnica, Antônio César Morant Braid, com o objetivo de fazer a transcrição fonográfica e proceder ao exame de verificação de edição em material de audiovisual.

O Jornal Tribuna do Sertão teve acesso ao vídeo na íntegra e ao Parecer Técnico do Perito, que contém a degravação de vários trechos do vídeo. Em seu parecer, o Perito concluiu que ‘não foi encontrada qualquer evidência de irregularidade por edição na gravação… não tendo sido evidenciado nenhum tipo de montagem nos registros de audiovisual… verificou-se que havia plena coerência entre o áudio e as imagens, sobretudo o gestual das pessoas nas cenas… após a conclusão de todos os exames necessários, foi feita a transcrição videofonográfica de todos os registros e constatou-se que o material não apresenta evidência de edição’.

Gravações feitas em 8 de setembro

No primeiro trecho analisado pelo Perito aparecem os donos da casa, o prefeito João Francisco, o coordenador de sua campanha Cláudio Magalhães e um empresário de prenome Jairo. A gravação foi feita no dia 08 de setembro e tem início às 17h53.

Neste trecho, o prefeito João Francisco fala sobre a disparidade nas informações prestadas à Justiça Eleitoral no que tange ao seu patrimônio. Em um dos trechos, João afirma que a declaração feita, que foi tema de uma matéria no Jornal Tribuna do Sertão, ainda é menor do que o seu patrimônio de verdade. ‘E é muito mais. E é muito mais. Né? Porque, se eu for vender uma casa daquela hoje, ali, é oitocentos, um milhão’, afirmou João Francisco.

Em outro trecho, gravado no mesmo dia, João Francisco pede para ‘reconciliar’: ‘… me lembra aí, pra poder ver se tem possibilidade da gente reconciliar, né? Você vê aí, você pensa direitinho, não precisa ser… conversar mais Jô, né, Jô? Perdoar, né?’. Em seguida, o prefeito insinua que vai começar a comprar no estabelecimento do casal, que atua no ramo de alimentação. ‘Viu, Jorge? Hoje, o que é que eu faço aqui em Tanhaçu… A gente, hoje… Restaurante, né? Restaurante, hoje, em Tanhaçu, (…), Gil, Táta e… é só esses três, né? é só esses três? É só esses três’.

Mais à frente, em outro trecho gravado no mesmo dia, o prefeito promete calçar a rua em que o casal mora, dando a entender que seria em troca do voto: ‘porque essa rua aqui tem um projeto de calçar ela e, aí, no caso, a gente vai até aqui, e, aí, a gente se ajuda. Não é isso?’. A dona da casa argumenta então que quer uma construção ao lado da sua casa e o prefeito João Francisco oferece o profissional para fazer o projeto: ‘Agente ajeita o engenheiro, faz o projeto direitinho, de acordo com o lei, pra chegar lá e passar a escritura, fazer tudo. A gente tem o engenheiro, né? Faz tudo direitinho, de acordo com a lei, né?’, afirma o prefeito na gravação.

Em outro trecho, o empresário de prenome Jairo, volta a insistir: ‘E aí, Jô? Fala aí, Jô?’. Diante de nova negativa de dizer o que quer, o prefeito João Francisco também volta a perguntar: ‘Vê aí, em que a gente pode lhe ajudar. Minha filha, em que a gente pode lhe ajudar, pra corrigir… e a gente continuar juntos, né? Acho que ainda tem tempo, né, Jorge? Ainda falta um mês, se eu deixasse faltando oito dias …’. Mais adiante, João Francisco diz que vai fazer uma ‘licitação’ para tudo continuar do mesmo jeito: ‘Nepotismo tem, mas, aí, a gente pode dar um jeito em alguma coisa. O que é que eu faço? Eu vou ter que fazer licitação, porque quando faz licitação, não tem nepotismo, não é? Alimentação, mesmo, eu posso fazer licitação, e, pronto, continua mesmo, de todo jeito’.

Em outro trecho, após o casal falar das dificuldades financeiras que está enfrentando, o empresário de prenome Jairo volta a perguntar: ‘E aí? E aí, Jorge? Você quer falar com nós aí. E aí, Jô?’. Em seguida, João Francisco também questiona: ‘E aí, o que é que a gente pode ver aí?’. Diante de nova negativa em dizer o que quer e que o ‘dono dos gados’ é que tem que oferecer, João Francisco diz que ‘Porque, talvez, eu fale uma coisa… que, talvez, é uma coisa que não é o que vocês querem… né?’.

Gravações feitas em 10 de setembro

Os outros trechos analisados pelo Perito foram gravados no dia 10 de setembro. Nas gravações aparecem a dona da casa, o empresário de prenome Jairo e o Coordenador de Campanha Cláudio Magalhães. Após uma rápida conversa sobre a repercussão da visita do prefeito à casa da eleitora, o empresário Jairo fala: ‘Vai dar as coisas tudo certinho agora, não tem como dar errado. Eu conversei com João, o que é que vai acontecer, vai (…) tudo aquilo que ele lhe falou, entendeu? Eu já mandei ligar (…).’

Mais à frente, a dona da casa diz: ‘Eu tava fazendo a lista de… de gente, quem é que vai vir aqui, hoje é domingo. Eu tava fazendo a folha de pagamento do Cozidão pra pagar os funcionários hoje. Identidade… até título, pô… espera aí…” e Jairo responde: ‘Vou ver se consegue (…), viu?’ e no trecho mais adiante afirma que ‘(…). Tá entendendo, Jô, eu tô botando por outro município aqui (…)’. ‘Mais à frente, o Coordenador de Campanha promete muitas vantagens no futuro: ‘Deus abençoa aí, você já começa em outubro, de qualquer forma já melhora, entendeu? Fazendo o concurso (…) tudo direitinho, quer dizer, ganha estabilidade’, dando a entender que ela já está ‘aprovada’ no concurso. Jairo pega então os dados da eleitora, que pergunta: ‘Sim, e isso aqui vai ser durante o quê?’. O Coordenador de Campanha responde, então: ‘Mas vai ver se libera esse mês ainda’.

Mais à frente na gravação, a dona da casa retira-se da sala e volta trazendo um pacote contendo dinheiro. O áudio continua sendo captado e ouve-se ela dizendo que foi questionada por ‘uma menina’ sobre a visita do prefeito. Quando ela volta a se sentar na sala, o Coordenador de Campanha Cláudio Magalhães pergunta ela: ‘Mas tu falou pra ela que tu tava (…). Tu falou pra ela’. A dona da casa pergunta, então: ‘De quê?’. Cláudio responde: ‘Que tava ajeitando isso aí’, dando a entender que estava falando do pacote contendo dinheiro. Quando ela começa a contar as notas, o empresário se antecipa, dizendo que tem 87 notas. ‘Aí tem 87′, afirmou Jairo, demonstrando já saber exatamente o que havia dentro do pacote.

Leia a transcrição dos diálogos de 8 de setembro:

João Francisco: “…me lembra aí, pra poder ver se tem possibilidade da gente reconciliar, né? Você vê aí, você pensa direitinho, não precisa ser… conversa mais Jô, né, Jô? Perdoar, né?”

Jô: “É.”

João Francisco: “Aí, qualquer coisa (…), pra a gente ajudar a Jô, aí.”

João Francisco: “Viu, Jorge? Hoje, o que é que eu faço aqui em Tanhaçu… A gente, hoje… Restaurante, né? Restaurante, hoje, em Tanhaçu, (…), Gil, Tata e… é só esses três, né? é só esses três? É só esses três. Eu comprava na mão de Jairo, mas eu parei de comprar na mão de Jairo, né? Porque o povo diz que a gente tava só indo comer churrasco. Então, pra poder tirar isso, né? Pra não ficar com a imagem que a gente tava lá esbanjando dinheiro da Prefeitura, aí a gente cortou. É esses três só, né? (…) É o mínimo. Acho que é só esses três.”

João Francisco: “…lhe ajuda, porque essa rua aqui tem um projeto de calçar ela e, aí, no caso, a gente vai até aqui, e, aí, a gente se ajuda. Não é isso?”

Jô: “Eu quero fazer aqui do lado… É que tem um terreno aqui que eu não vendi. Eu precisei de dinheiro, pra essas coisas aí, pra poder pagar umas contas, da construção dessa casa aqui. Eu vendi duas posses…”

João Francisco: “Ajeita com ela, a gente ajeita o engenheiro, faz o projeto direitinho, de acordo com o lei, pra chegar lá e passar a escritura, fazer tudo. A gente tem o engenheiro, né? Faz tudo direitinho, de acordo com a lei, né?”

João Francisco: “…o que é que a gente poderia fazer?”

Jô: “Ham. Você que manda.”

João Francisco: “Aí, o que é que a gente podia… né? O que é que a gente podia fazer pra a gente não cair no erro novamente, né?”

Jô: “Não, não tenho nada o que falar, não. Eu quero só ouvir, uma coisa boa aí… Mas, não é, nego? fazer igual ao outro.”

Cláudio Magalhães: “Mas é tu que tem que falar, Jô.”

Jô: “Não. Eu, não.”

João Francisco: “Vê aí, em que que a gente pode lhe ajudar. Minha filha, em que que a gente pode lhe ajudar, pra corrigir… e a gente continuar juntos, né? Acho que ainda tem tempo, né, Jorge? Ainda falta um mês, se eu deixasse faltando oito dias…”

João Francisco: “A gente quer também, viu, Jô? Até pra depois não ficar de última hora: ‘Não, passou porque tava vendo que vai ganhar, né?’ Porque tem gente que usa isso, né?”

Jô: “É, tem gente que usa isso.”

João Francisco: “Nepotismo tem, mas, aí, a gente pode dar um jeito em alguma coisa. O que é que eu faço? Eu vou ter que fazer licitação, porque quando faz licitação, não tem nepotismo, não é? Alimentação, mesmo, eu posso fazer licitação, e, pronto, continua mesmo, de todo jeito.”

Jairo: “E aí? E aí, Jorge? Você quer falar com nós aí. E aí, Jô? ”

João Francisco: “E aí, o que é que a gente pode ver aí?”

Jairo: “Pra ver se há possibilidade, se não há… ”

Jô: “Não, possibilidade tem, né?”

João Francisco: “A gente conversa aí… Vê aí o que a gente pode fazer pra poder… né?”

Jô: “Aí… Mas aí, como diz o outro, quem tem que propor é o dono dos gados, né? que tá por cima.”

João Francisco: “Não, de jeito nenhum.”

Jô: “A gente tem que ouvir.”

João Francisco: “Porque, talvez, eu fale uma coisa… que, talvez, é uma coisa que não é o que vocês querem… né?”

Jô: “Não, mas, um exemplo, vocês falam, certo? E, aí, a gente vai analisar.”

João Francisco: “Vê o que é que a gente pode corrigir, o que é que a gente precisa pra a gente corrigir alguma coisa, como é que a gente pode fazer…”

João Francisco: “E, aí? Vê aí, fala alguma coisa aí, pra a gente sair daqui, depois vocês também pensar o que é que a gente pode atender em alguma coisa.”

Jô: “Não, primeiro, diga você aí, pra a gente ver se…”

João Francisco: “Vocês têm que ver aí. Eu não sei, eu não tenho nem ideia do que que a gente… né? Ele tá falando aí contigo, mas têm outras coisas que a gente pode ver, né? A gente queria a família unida, né? Principalmente porque (…Tanguinha…), mesmo, no dia que ele falou comigo, ele tava quase chorava: ‘Eu saí, e Jorge em casa, em casa (…)”

Leia a transcrição dos diálogos de 10 de setembro:

Jairo: “Vai dar as coisas tudo certinho agora, não tem como dar errado. Eu conversei com João, o que é que vai acontecer, vai (…) tudo aquilo que ele lhe falou, entendeu? Eu já mandei ligar (…).”

Jô: “Me dá teus documentos aí.”

Jairo: “Ah, é.”

Jô: “Eu tava fazendo a lista de… de gente, quem é que vai vir aqui, hoje é domingo. Eu tava fazendo a folha de pagamento do Cozidão pra pagar os funcionários hoje. Identidade… até título, pô… espera aí…”

Jairo: “Vou ver se consegue (…), viu?”

Jô: “Hum?”

Jairo: “(…). Tá entendendo, Jô, eu tô botando por outro município aqui (…).”

Cláudio Magalhães: “Ninguém tá fazendo nada de imediato pra vocês agora, não. É coisa pra frente.”

Jô: “Vai ser mesmo.”

Cláudio Magalhães”: “Deus abençoa aí, você já começa em outubro, de qualquer forma já melhora, entendeu? Fazendo o concurso (…) tudo direitinho, quer dizer, ganha estabilidade.”

Jô”: “Sim, e isso aqui vai ser durante o quê?”

Jairo: “Eu vou ver, vamos conversar, depois eu te falo, daqui pra terça, eu te falo.”

Cláudio Magalhães: “Mas vai ver se libera esse mês ainda.”

Jô: “Ah, na hora que Cláudio chegou (…). ‘Você não tem jeito, não, viu?’ Eu: ‘O que é menina?’ ‘O que que esse homem queria aí?’ Eu disse: ‘Nada, queria falar comigo. Oxe! Não pode, não, é? O homem queria falar comigo’

Cláudio Magalhães: “Mas tu falou pra ela que tu tava (…). Tu falou pra ela.”

Jô”: “De quê?”

Cláudio Magalhães: “Que tava ajeitando isso aí.”

NOTA DO PERITO: A interlocutora “Jô” retira do pacote trazido de outro ambiente cédulas de dinheiro e passa a contá-las. Enquanto a interlocutora realiza a contagem, o interlocutor denominado “Jairo” fala o que está transcrito abaixo.

Jairo”: “Aí tem 87.”

NOTA DO PERITO: Após a contagem das cédulas, a interlocutora “Jô”, guarda o dinheiro na bolsa em seu colo.

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