Câmara Municipal de Vitória da Conquista realizou sessão especial sobre a Campanha da Fraternidade 2025
O arcebispo metropolitano de Conquista, Dom Vítor Agnaldo de Menezes, destacou a importância da Campanha da Fraternidade como um espaço de reflexão sobre temas sociais e ambientais.

A Câmara Municipal de Vitória da Conquista realizou na noite desta sexta-feira (4), sessão especial sobre a Campanha da Fraternidade 2025 cujo tema é “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema bíblico, extraído de Genesis 1, 31: “Deus viu que tudo era muito bom”. A sessão integra o calendário anual de atividades legislativas.
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A Campanha da Fraternidade, ação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é realizada desde 1964 e é como a Igreja Católica celebra a Quaresma – os 40 dias em preparação para a Páscoa com atitudes de oração, jejum e caridade. O ponto alto da Campanha é a Coleta da Solidariedade, realizada em todas as comunidades do Brasil no Domingo de Ramos.

“A Igreja é perita em humanidade e não pode estar alheia à natureza”
O arcebispo metropolitano de Vitória da Conquista, Dom Vítor Agnaldo de Menezes, destacou a importância da Campanha da Fraternidade como um espaço de reflexão sobre temas sociais e ambientais. Ele ressaltou que a Igreja sempre esteve comprometida com as questões humanas e sociais e que, ao longo dos anos, já promoveu diversas campanhas com foco no meio ambiente. “Tudo está interligado”, afirmou, reforçando que a defesa do planeta, “nossa casa comum”, faz parte do compromisso católico. Dom Vítor também lembrou que a campanha acontece durante a Quaresma, tempo de conversão, e que é essencial que os fiéis se sensibilizem com a urgência das questões ecológicas, reconhecendo que a Igreja, inclusive o Papa, promove a importância da ecologia mundial.

Assumir a campanha de corpo e alma
O vigário geral da arquidiocese de Vitoria da Conquista, padre Gerson Bittencourt, chamou a atenção para a palavra “integral”, que faz parte do tema da campanha. Segundo ele, é preciso cuidar primeiro da casa interior, do coração, da consciência, de onde devem partir as primeiras ações. Na sequência vêm os cuidados com a casa que é a família, o trabalho e os relacionamentos, a rua, o condomínio, o bairro, a cidade, para só depois passarmos para os cuidados com a grande casa comum. “A campanha pede para que todas as casas sejam cuidadas. E que possamos, a partir de pequenas ações, ir fazendo a transformação”, disse o religioso citando como exemplo simples atos como não jogar papel na rua, reciclar, etc., o que significa “assumir a campanha de corpo e alma”.

O vigário regional do Vicariato São Lucas, padre Geneildo Almeida Lima, lembrou que “São Francisco foi capaz de ouvir o clamor e o chamado e nós também, nos tempos modernos e pós-modernos, devemos ouvir os clamores e grito da terra”. Segundo ele, a Campanha da Fraternidade deve ecoar no coração da humanidade desde os pequenos gestos e atitudes. O religioso provocou os vereadores a instigar a população com tomadas de atitudes que levem o município a experimentar as diretrizes propostas na CF 2025, com iniciativas públicas e elaboração de leis necessárias à transformação do mundo.

“O pecado ecológico é um crime contra a natureza e contra a humanidade”
O presidente Cáritas Arquidiocesana, diácono Luciano Santana, afirmou que o tema central da CF 2025 é fruto das reflexões do Papa Francisco e convida a um olhar atento que leva “ao cuidado da casa comum”, mas especialmente com o ser humano. Segundo ele, é necessária a tomada de consciência sobre a importância dos atos ecológicos pois toda atitude de violação do equilíbrio da criação, de uso predatório dos bens da natureza e toda forma de violência e poluição são parte de uma cultura de morte que ameaça a vida do planeta. “O pecado ecológico é um crime contra a natureza e contra a humanidade”, afirmou. Por isso, a arquidiocese e a Cáritas desejam comprometer-se para a CF, tomar as ruas para ajudar a comunidade a repensar sua forma de viver na “casa comum”. O diácono pontou ainda a importância da CF no sentido de sensibilizar as autoridades a pensar com maior atenção sobre os cuidados com a nascente do Rio Verruga e com a área remanescente da Mata Atlântica, o Poço Escuro.

“Somos parte da solução”
Representando a ABEF (Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara), o MAR (Movimento dos Atingidos pelas Energias Renováveis) e a Magre (Meio Ambiente e Gestão de Riscos e Emergências), Regina Dantas destacou a urgência da mudança de postura em relação ao meio ambiente. “Não temos um planeta reserva. Ou mudamos agora, ou seremos exterminados pelo pecado da ganância”, alertou. Ressaltou que a Igreja é parte da solução, assim como a agricultura familiar, que tem condições de promover uma transição para o uso sustentável da terra. Regina também chamou atenção para a extinção de espécies e os efeitos extremos do clima, com longos períodos de seca ou chuvas devastadoras. “Podemos usufruir, mas precisamos cuidar e proteger. Somos parte da solução para mudar o rumo dessa situação”, concluiu.

“Podemos mudar a realidade, mas temos que começar agora”
A Secretária de Meio Ambiente, Ana Cláudia Oliveira Passos, destacou a sensibilidade da Igreja e do papa Francisco por ter abordado a pauta da Ecologia Integral, pois, segundo ela, muitos ainda estão de “olhos fechados” para o meio ambiente: “Meio ambiente não é só árvore, recurso alimentar, é tudo, somos nós. Vivemos por causa do meio ambiente e somos parte dele, mas muitos não compreenderam ainda isso”. Ela também alertou: “O meio ambiente está em um ponto de não-retorno. Ou tomamos uma providência urgente ou não vamos ter futuras gerações que terão o que tivemos”. A secretária finalizou citando alguns projetos que estão sendo desenvolvidos no Município para mitigar as consequências da destruição e convidou a Igreja para trabalhar junto com a Secretaria de Meio Ambiente em busca de melhorias para o conjunto natureza/ população. “Temos condições de mudar a realidade que está aí, mas temos que começar agora”.
Vereadores defendem medidas para preservação do meio ambiente
A Câmara Municipal de Vitória da Conquista realizou na noite desta sexta-feira (4), a Sessão Especial sobre a Campanha da Fraternidade 2025, que tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema bíblico, extraído de Genesis 1, 31: “Deus viu que tudo era muito bom”. A sessão integra o calendário anual de atividades legislativas.

O presidente da Câmara, vereador Ivan Cordeiro (PL), afirmou que a Igreja Católica cumpre um papel social e político fundamental ao pautar um tema tão sensível e urgente, ressaltando que tratar do meio ambiente significa sensibilizar o conjunto da população para os cuidados necessários para garantir a vida no Planeta Terra. “Fico feliz de presidir uma sessão tão representativa, com a nossa casa repleta de pessoas que certamente sairão daqui cientes da nossa responsabilidade para preservação da natureza”, afirmou.
O vereador Fernando Jacaré (PT) falou da grandeza da Campanha da Fraternidade que mobiliza todo a sociedade, ressaltando a importância e o impacto que causa na vida das pessoas a cada ano. Segundo Jacaré, a iniciativa da Igreja Católica significa assumir a responsabilidade com a sociedade, devendo englobar todas as religiões, crenças e cores partidárias. “Dom Vitor chama a casa legislativa a responsabilidade. Onde quer que estejamos, temos que defender a vida, enquanto igreja e enquanto sociedade, independente do partido que representa”, afirmou.

O vereador Ricardo Gordo (PSB) falou que tentou levar a plenária da Campanha da Fraternidade para as paróquias, mas não conseguiu. Ele prometeu que irá tentar novamente em 2026 e, para isso, pediu apoio da Igreja Católica e do arcebispo. O vereador deu destaque para o Rio Catolé, afirmando que a situação de momento é complicada por conta da estiagem. “Estamos com 58% da capacidade da nossa barragem. Esse é o nível mais preocupante dos últimos 3 anos”. Por fim, Gordo fez um apelo à prefeitura, à Igreja Católica e a todas as religiões: “Vamos cuidar desta obra divina chamada Planeta Terra”.
O vereador Hermínio Oliveira (PP) destacou a importância da Campanha da Fraternidade para sensibilizar a comunidade em torno do tema ambiental, afirmando que é fundamental o engajamento de toda a sociedade, independentemente de filiação partidária ou orientação religiosa, porque o tema é grave e deve unir a todos. “Foi sábia a escolha do tema da Campanha da Fraternidade em relação a um tema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos e soluções com base na justiça e no amor, que são exigências centrais do evangelho”.
A vereadora Dra. Lara afirmou que “é com responsabilidade e compromisso com a verdade que precisamos questionar a real eficácia da gestão ambiental do governo Lula”, ressaltando que, durante a campanha eleitoral, o atual presidente prometeu que o Brasil voltaria a ser exemplo global de sustentabilidade. “O discurso foi bonito, aplaudido por ONGs internacionais e pela elite ambientalista global, mas a realidade em campo é bem diferente”, disse.
Segundo ela, sob o governo Lula, o Brasil bateu recordes negativos em 2024: “foram mais de 278 mil focos de incêndio, o maior número em 15 anos; na Amazônia, a situação é ainda mais grave: os incêndios cresceram 154% em relação ao ano anterior. Isso sem falar no aumento de quase 80% na área queimada, ultrapassando 30 milhões de hectares — uma área maior que a Itália”, destacou. Segundo ela, as estatísticas “desmontam a narrativa” do governo que “fracassou em garantir proteção ao meio ambiente sem paralisar o país”.

A vereadora Cris Rocha afirmou que “todos têm um papel fundamental para o equilíbrio da vida” e citou espaços de Vitória da Conquista, como a Lagoa das Bateias, a Serra do Periperi, a Reserva do Poço Escuro, o Rio Verruga, locais que sofrem pela ação humana e que precisam ter garantida a sua preservação. “O que não é uma responsabilidade apenas do poder público, mas de cada filho de Deus, de todos nós”. A vereadora deu destaque para a seca, uma vez que tem recebido constantemente em seu gabinete pessoas pedindo carros-pipa. “A pauta ambiental precisa ser tratada com urgência como uma questão de justiça social e a campanha traz isso. Precisamos unir forças: gestão municipal, vereadores e cidadão. Juntos precisamos batalhar pela casa comum que tem sido destruída”, concluiu.
O vereador Luís Carlos Dudé (UB) fez um breve relato sobre as gestões dos governos locais, lembrando que a cidade tem um histórico de cuidado com o meio ambiente. “Quero fazer justiça aos administradores. Todos eles cuidaram do meio ambiente, uns mais e outros menos, mas todos cuidaram”, afirmou. O parlamentar defendeu que as diretrizes da CF 2025 sejam de fato aplicadas no município. “O que vamos tirar dessa sessão? Políticos, vereadores, sociedade civil. O que nós, da Igreja, vamos tirar de concreto?”, disse, sugerindo a criação de um documento com os resultados da sessão e os compromissos que a sociedade deve assumir com o meio ambiente. “A gente não pode ficar apenas olhando, porque a cidade cresce. Precisamos fazer uma boa reflexão na defesa da ecologia”.














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