Lucimara Stasiak, de 30 anos, foi morta com várias facadas no último dia 27 de março, data em que desapareceu. Após 24 horas de negociações, suspeito se entregou.
O advogado suspeito de matar a namorada a facadas dentro de um apartamento no Centro de Balneário Camboriú, no Litoral Norte catarinense, se entregou à Polícia Militar, pouco mais de 24 horas de negociação. A vítima foi identificada como a advogada Lucimara Stasiak, de 30 anos. A polícia foi chamada por vizinhos, que disseram ter ouvido uma confusão no imóvel. Familiares da advogada acompanham o caso e informaram inicialmente aos policiais que o casal não tinha histórico de brigas. Assista:
A PM informou que os dois moravam há cerca de seis meses no local e que a família da vítima estranhou a falta de contato por parte dela desde quinta (27). Não havia nenhum boletim de ocorrência contra o advogado em Santa Catarina, segundo a Polícia Militar. A rua do prédio ficou isolada durante a negociação. Equipes da Polícia Militar, Guarda Municipal, Batalhão de Operações Especiais (Bope), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Corpo de Bombeiros participaram do atendimento da ocorrência. Conforme a família, Lucimara sonhava em ser juíza. Ela tinha ido de Curitiba (PR) para Florianópolis há cinco anos e trabalhava num escritório de advocacia.
Vítima completou 30 anos um dia antes de morrer
Prima de Lucimara, Janaina Rautenberg diz que a advogada completou 30 anos na última quarta-feira (27). As informações preliminares são de que ela teria morrido um dia depois, supostamente durante uma discussão entre o casal. Lucimara nasceu em Curitiba (PR), mas foi criada pela avó e as tias em Blumenau. Formou-se em Direito na Furb e tinha o sonho de ser juíza. Ela trabalhou em um escritório de advogacia na cidade. Mudou-se, tempos depois, para Florianópolis, onde também atuou como advogada em um escritório. A família soube do relacionamento entre ela e Paulo em meados do ano passado, quando a advogada se mudou para Balneário Camboriú para viver com ele.
— Minha avó passou mais tempo com os dois, e diz que ele era sempre muito tranquilo, amoroso, aceitava as opiniões dela — diz Janaína. Ela falou com Lucimara no dia do aniversário, que a advogada comemorou com o companheiro. Uma outra prima entrou em contato com ela bem cedo no dia seguinte, por volta das 7h. Depois de um tempo, Lucimara teria deixado de responder às mensagens no celular. A família está arrasada e custa a acreditar no que houve. A dificuldade para retirar o corpo de Lucimara de dentro do apartamento torna a espera ainda mais dolorosa — Queremos ter uma despedida decente — diz Janaína. A advogada Clair Junckes, que acompanha o caso, diz que as negociações com Paulo estão avançadas e há expectativa de uma conclusão em breve.
Justiça pede exame de sanidade no autor
Em audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (4), a 2ª Vara Criminal de Balneário Camboriú determinou a realização de exame de sanidade mental para o advogado Paulo Carvalho de Souza, suspeito de ter matado a namorada a facadas. Além disso, a Justiça converteu a prisão em flagrante dele, por ocultação de cadáver, em preventiva. O advogado Christiano Cruspiere, que defende o suspeito, afirmou que entende que este não é o melhor momento para pedir a liberdade do cliente e que a defesa fará uma análise futuro sobre a medida. O suspeito, de 42 anos, já estava preso preventivamente em Itajaí por feminicídio desde a madrugada desta quinta. A namorada dele, a também advogada Lucimara Stasiak, de 29 anos, foi morta no apartamento onde o casal morava, em Balneário Camboriú. Na noite de quarta (3), ele foi preso em flagrante por ocultação de cadáver ao se entregar à polícia depois de mais de 24 horas de negociação.
Delegado descarta “problemas mentais”
O delegado responsável pelo caso, Ícaro Freitas Malveira, disse não acreditar que o suspeito tenha problemas psiquiátricos e que está criando a situação para obter vantagens durante o processo. “Foi encontrada uma receita de um medicamento relacionado a depressão, mas depressão é um mal que aflige grande parte da população e nem por isso as pessoas saem matando as outras. Ele relatava que conhecia técnicas policiais, invasão via rapel, que não queria ver cordas perto do parapeito do prédio, que não queria que os policias se aproximassem. Ele tem conhecimento, não é uma pessoa leiga”, disse.
Para o delegado, há a possibilidade de que o advogado estivesse tentando sumir com o corpo. “Estava em estado avançado de decomposição, possivelmente há seis dias. E durante esse tempo ele não noticiou a nenhum autoridade competente. Então tudo indica que ele estava tentando elaborar uma forma de se livrar deste corpo. Vamos ter que apurar”, declarou. Segundo o delegado, o advogado teria enviado mensagens e uma carta para um amigo no Paraná. Um inquérito será instaurado na Delegacia da Mulher em Balneário Camboriú. Ainda deverão ser colhidos imagens e laudos periciais e serem ouvidas várias testemunhas.