do A Tarde
A construção do Edifício Guaratinga, situado na Rua da Perseverança, em Pernambués, foi realizada sem sondagem (análise) do solo da encosta e do terreno em que o prédio desabou, no último sábado. Com sete pavimentos, o edifício cedeu sobre uma casa vizinha, durante a chuva, matando três pessoas. Duas crianças ficaram feridas.
Uma forma de se conhecer as características do solo e o tipo de fundação a ser feito para o imóvel, a sondagem é obrigatória antes da construção de qualquer edificação, conforme determina a norma NBR 8036, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A informação de que o procedimento não foi realizado na construção é do próprio dono da construtora ML Marques Lima Construções, responsável pela obra. O empresário Sílvio Lima de Jesus, 33 anos, falou com exclusividade à reportagem e disse acreditar que o procedimento não foi feito porque o engenheiro considerou o terreno sólido. “Mas isso é o calculista que vai responder”, afirmou.
Questionado se o engenheiro Eduardo Wesley Lima Aquino, responsável técnico pela obra, acompanhava a construção de perto, Sílvio admitiu que o mesmo comparecia apenas quando dúvidas surgiam na construção. Apesar disso, o empresário não o responsabiliza.

Depoimentos – “Eu não enxergo culpa em nenhum dos profissionais. Eu contratei um calculista, quem faz o programa é ele. Sou o executor”, disse o dono da ML Marques Lima Construções.
Eduardo Wesley e outro engenheiro da obra, Carlos Neri, além dos arquitetos Lúcio da Silva e Leandro Abreu, ainda não compareceram à 11ª CP (Delegacia de Tancredo Neves) para prestar depoimentos. Todos poderão ser indiciados por triplo homicídio e lesão corporal.
Em entrevista, o empresário disse ter sido mais uma vítima do falso engenheiro Luiz Carlos Dias, 55, preso quarta-feira, 21, com uma cópia do projeto de construção do edifício que desmoronou. Ele teria sumido com seu dinheiro após ser apresentado para fazer a divisão de seu terreno.
Coordenador do Laboratório de Geotecnia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o engenheiro civil Luís Edmundo afirma que a sondagem do solo deve ser feita ao menos três vezes antes de se iniciar a obra.