do A Tarde
“Você não precisa mais esperar até o final do ano para realizar seus projetos”, avisa a publicidade de um banco a respeito da antecipação do 13º salário. Apesar da possível descrença de muitos, é verdade: em pleno mês de janeiro, pelo menos quatro bancos já oferecem aos clientes a possibilidade de tomar emprestado valores referentes ao direito trabalhista, que normalmente só é pago pelas empresas no final do ano.
Com taxas de juros que variam entre 2,06% até 4,19%, é possível adiantar o recebimento de até 90% do 13º no Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Real e Santander. Bradesco e Itaú ainda não lançaram o serviço.
O aviso de especialistas em finanças pessoais a respeito do assunto é claro: o empréstimo deve ser encarado como a última opção. “Só é recomendável para pessoas extremamente endividadas que pretendem usar o recurso para pagar menos juros”, avisa o planejador financeiro Erasmo Vieira.
Isso porque embora se trate de uma antecipação de recebimento pelas instituições financeiras, a operação envolve a cobrança de juros. “É uma linha de crédito que serve como opção para quem não está conseguindo resolver os problemas com os juros do cheque especial ou do cartão de crédito”, sugere Vieira.
Entretanto, o consultor recomenda que o cidadão tenha bastante clareza de que está “trocando” de dívida. Neste caso não adianta só comparar os juros da antecipação com os 7,27%, no caso do cheque especial, ou 10,68%, no cartão, por uma outra com uma taxa de juros mais barata.
“Em alguns casos os juros estão baixos, mas os bancos não informam que cobram do consumidor também taxas de concessão de crédito, o que acaba encarecendo a operação”, avisa Erasmo Vieira.
De acordo com o especialista, em alguns casos as taxas chegam a custar mais de R$ 200 e funcionam como uma maneira indireta de “embutir juros”.
Para Vieira, o endividamento ainda em janeiro deve ser encarado como um alerta para as pessoas. “O 13º é um recurso pensado para atender as despesas extras no final do ano e quem está precisando antecipar já em janeiro gastou mal no fim de 2009 e já sinaliza com um comprometimento do próximo fim de ano”, alerta.
Cuidados – “Antecipar por antecipar não é a melhor opção”, avisa o vice-presidente da Associação Brasileira dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Frank. O primeiro passo sugerido pelo especialista é que o endividado coloque no papel tudo o que tem para receber e o que precisa pagar nos próximos meses.
“Caso tenha dívidas com cartão ou cheque que não vai conseguir pagar em menos de três meses, pode-se considerar a antecipação”, avisa. Se houver gás no orçamento para pagar a dívida atual no curto prazo, o conselho é de não tomar um novo empréstimo. “Apesar de ter juros baixos, a antecipação é um compromisso de longo prazo (11 meses)”, analisa.