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Programa dá bolsas de 5 000 dólares a estudantes que colaboram em projetos de software livre

Ganhar experiência, bons contatos profissionais e 5 000 dólares na conta bancária — que estudante não deseja isso? Então, se você é craque em programação, fique atento: começam anualmente em março as inscrições para o Google Summer of Code (GSoC), que dá bolsas a estudantes para participar de projetos de código aberto. O programa está na sexta edição e já contou com a participação de mais de 3 400 programadores de cerca de 100 de países, incluindo o Brasil.
No ano passado, o porto-alegrense José Valim, de 23 anos, foi um deles. Ele conquistou uma das quatro vagas para o projeto de aperfeiçoamento do framework Ruby on Rails, que recebeu 40 inscrições no GSoC. Ele dedicava três dias por semana a esse trabalho. Na época, era estudante de engenharia da computação na USP e estava abrindo sua empresa de engenharia de software, a Plataforma Tecnologia. Os dólares recebidos do Google foram totalmente investidos nela. “Minha participação nesse programa aumentou minha rede de contatos. Fui convidado para dar palestras e conquistei clientes”, diz.
Os estudantes fazem o trabalho em casa ou na faculdade e se comunicam por chat ou outras ferramentas da web. “Inocentemente, pensei que ia trabalhar no Google”, conta o capixaba Igor Feghali, de 25 anos. Quando era estudante de engenharia da computação da Universidade Federal do Espírito Santo, ele participou das edições de 2006 e 2007 do GSoC, fazendo melhorias nas bibliotecas da linguagem PHP. “Nas primeiras vezes em que enviei algum código, me dava um frio na barriga, com medo de fazer alguma coisa parar de funcionar”, diz. Atualmente, Feghali trabalha na divisão de computação científica de uma empresa da área de energia. “Minha atuação no GSoC atraiu atenção para o meu currículo“, diz.
Vou de moto
Veterano do GSoC, o goiano Adriano Monteiro de Marques, de 25 anos, participou de todas as edições do evento. “Por causa do GSoC fui chamado, no ano passado, para trabalhar na Belgacom, empresa de telecomunicação da Bélgica”, diz Marques. Além do prestígio profissional, o GSoC lhe proporcionou conquistas materiais. Com o dinheiro da bolsa, Marques comprou um laptop Macbook, da Apple, e uma moto NX4 Falcon, da Honda, e ainda pagou despesas do seu casamento. O Google paga 500 dólares ao estudante antes do início do projeto. Depois, os participantes são submetidos a duas avaliações, no meio e no fi m do projeto. O programador ganha mais 2 250 dólares após ser aprovado em cada uma delas. Cada projeto é coordenado por uma organização mentora, que recebe 500 dólares por estudante.
Na estreia do evento, em 2005, Marques era estudante de sistemas de informação da Universidade Estadual de Goiás. Naquele ano, ele desenvolveu o Umit, interface gráfica para o programa NMAP, usado para avaliar a segurança de servidores em redes. No ano seguinte, sua tarefa foi aprimorá-lo. Em 2007, Marques fundou a Organização de Software Livre Umit Project, que foi aceita como organização mentora no GSoC. Em 2007, 2008 e 2009, a instituição fundada por Marques orientou estudantes de diversos países, como Cingapura, Rússia e Polônia. No ano passado, o Umit Project recebeu 28 inscrições e teve apenas quatro vagas. Segundo Marques, a maioria dos estudantes prefere linguagens como Phyton, PHP e Ruby, que permitem programar com mais rapidez (e cumprir o prazo para receber a bolsa), mas há outras opções. “O Google Summer of Code é democrático. Tem projetos muito variados“, diz.
Berthier Ribeiro-Neto, diretor de engenharia do Google América Latina, diz que o GSoC procura estimular os estudantes a desenvolver projetos completos. “É diferente do que acontece na faculdade, onde o aluno faz um trabalho prático pequeno para cada disciplina”, diz. Segundo Berthier, o movimento do software livre está alinhado com a visão do Google. “Como provedores de uma máquina de busca, nós queremos que a web seja aberta, uma corrente livre de informações”, diz.
Prepare-se bem
Para participar do Google Summer of Code, é preciso ter mais de 18 anos e estar matriculado numa instituição de ensino reconhecida (cursos universitários de graduação, pós-graduação e MBA). O estudante deve escolher uma organização mentora para representá-lo e elaborar uma proposta de participação. É possível se candidatar para colaborar com até 20 projetos, mas apenas uma proposta poderá ser aceita. As inscrições serão recebidas de 29 de março a 8 de abril. Organizações que queiram participar como mentoras de algum projeto também precisam se inscrever, de 8 a 12 de março. Mais informações em http://socghop.appspot.com.