do Último Segundo
Javier Bardem e Juliette Binoche receberam estatuetas melhor ator e atriz respectivamente na 63º edição do Festival de Cannes
Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives, do tailandês Apichatpong Weerasethakul, foi o vencedor da Palma de Ouro do 63º Festival de Cannes, anunciada na noite deste domingo (23). No filme delicado e fantástico, um homem à beira da morte se cerca das pessoas queridas, inclusive as mortas, para se despedir da vida em sua fazenda no interior da Tailândia.
Elementos como espíritos, inclusive na forma de macacos, fazem parte do longa-metragem. “Este é como outro mundo para mim, é meio surreal”, disse o diretor. “Acho que é um momento importante para o cinema tailandês. O prêmio é para vocês. Gostaria de beijar todos vocês do júri, principalmente Tim Burton porque gosto de seu corte de cabelo.”
O francês Des Hommes ET des Dieux, dirigido por Xavier Beauvois, recebeu uma espécie de segundo lugar. Ele agradeceu a cada um dos frades e atores que o interpretaram no filme. O cineasta também levou a plaquinha em homenagem a Jafar Panahi. Já o prêmio do júri ficou com Un Homme qui Crie, de Mahamat-Saleh Haroun, do Chade.
O cineasta e ator francês Mathieu Amalric foi eleito o melhor diretor, por Tournée. Dois atores ganharam o prêmio de melhor ator. O espanhol Javier Bardem levou o troféu pelo filme Biutiful, de Alejandro González Iñárritu. Ele agradeceu à mãe e aos irmãos e todos os atores do elenco. “E não ganharia esse prêmio se não fosse por Alejandro. Ele é um diretor que melhora o trabalho de um ator. Sou agradecido por sua confiança.” Ele causou comoção ao dedicar a Penélope Cruz, em espanhol: “Compartilho essa alegria com minha amiga, minha companheira, meu amor”.
O italiano Elio Germano, de La Nostra Vita, também foi premiado na mesma categoria. Ele encontrou Javier Bardem e fez uma saudação. “Quero agradecer de coração o diretor Daniele Luchetti”, disse. “Quero dedicar esse prêmio a Itália e aos italianos que fazem de tudo para fazer da Itália um país melhor, não obstante nossa classe dirigente”, referindo-se, obviamente, a Silvio Berlusconi.
A francesa Juliette Binoche foi julgada como melhor atriz por seu trabalho no longa-metragem Copie Conforme, do iraniano Abbas Kiarostami. “Que alegria, que alegria, que alegria trabalhar com você, Abbas”, disse Juliette, bastante emocionada. “Agradeço a minha mãe que me criou sozinha e a meu pai que perdoei. Eu amo vocês. E agradeço do fundo de coração os homens que me amaram e me suportaram. Um dia, eu vou me casar”, completou. E puxou uma plaquinha com o nome de Jafar Panahi e pediu a libertação do cineasta iraniano.
O prêmio de roteiro foi para o sul-coreano Poetry, de Lee Chang-dong.
O júri da competição oficial do 63º Festival de Cannes foi presidido pelo cineasta norte-americano Tim Burton e formado pela atriz inglesa Kate Beckinsale, pela atriz italiana Giovanna Mezzogiorno, pelo diretor do Museu Nacional de Cinema na Itália Alberto Barbera, pelo roteirista e diretor francês Emmanuel Carrere, pelo ator porto-riquenho Benicio Del Toro, pelo diretor espanhol Victor Erice, pelo diretor, ator e produtor indiano Shekhar Kapur e pelo compositor francês Alexandre Desplat.
O diretor Michael Rowe, do México, levou a Caméra D’Or, dada ao melhor estreante entre todas as mostras oficiais e paralelas em Cannes, pelo filme Año Bisiesto, exibido na Quinzena dos Realizadores. O júri era presidido pelo ator e diretor mexicano Gael García Bernal.
A Palma de Ouro de melhor curta-metragem foi o francês Chienne D’Histoire, de Serge Avédikian. O brasileiro Estação, de Márcia Faria, concorria nesta categoria. O curta-metragem Micky Bader, de Frida Kempf, levou um prêmio do júri em sua categoria. O júri foi presidido pelo cineasta canadense Atom Egoyan e formado pelo diretor brasileiro Cacá Diegues, a atriz francesa Emmanuelle Devos, a atriz russa Dinara Droukarova e o diretor espanhol Marc Recha.