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Endividada, dupla sertaneja até pensou em fugir do Brasil antes do sucesso “Lê lê lê” estourar

O Globo

João Neto & Frederico falam de dificuldades antes de emplacar sucesso. Um dos compositores do hit é cantor gospel, que diz sofrer ‘preconceito’.

Em 2007, os irmãos goianos João Nunes Neto, então aos 27 anos, e Frederico Augusto Silva Nunes, de 25, investiram até o que não tinham para realizar o antigo sonho do pai, músico de classe média baixa em Goiânia: estabelecerem-se como cantores sertanejos. Eles gravaram o primeiro DVD da então pouco conhecida dupla João Neto & Frederico. O investimento na carreira já resultava em dívida astronômica.

Hoje, quando cantam, em “Lê lê lê”, “O meu cartão foi bloqueado / E o meu limite tá estourado”, sabem do que falam. “A gente estava devendo até ‘as carça’”, diz João Neto, ao estilo interiorano. “Chegamos a dever R$ 1,5 milhão. Tínhamos um plano B, que era fugir do Brasil, ir para os EUA, se a carreira não desse certo. Como é que a gente ia pagar essa dívida? Seríamos ‘os caloteiros de Goiás’.”

Ele lembra uma queda acidental que levou a dívida às alturas. “Estávamos em estúdio com o cara que ia finalizar o DVD, o primeiro da vida dele. Enquanto editava, ele esbarrou em um HD com todo o áudio. O HD foi ao chão, quebrou. Perdemos tudo. Não tinha ‘backup’. Na hora, pensei: ‘isso não é pra mim’.”

Em vez da fuga, João Neto & Frederico seguiram outro caminho, que passou pelo ápice da dívida, mas também pelo início do sucesso, rumo ao saldo financeiro positivo. “Três dias depois de pensar em desistir, eu já estava com o violão na mão”, lembra João Neto. Eles regravaram o trabalho perdido na queda do computador.

“Acústico ao vivo”, de 2007, foi o segundo CD e primeiro DVD da carreira. “Só de você”, primeira música de trabalho, e outras como “Pega fogo cabaré”, foram sucessos. Eles estavam no mapa da nova música sertaneja do Brasil, tocando para grandes públicos desde então. Mas nada chegava ao nível da faixa que gravariam quatro anos depois.

‘Não tem apelação’
“É uma música com linguagem simples, fácil de ser tocada. E fala do que a galera vive. Que jovem nunca foi a uma festa sem grana, viu uma menina no camarote e quis falar com ela?”. Assim João Neto descreve “Lê lê lê”, com quase 25 milhões de visualizações no Youtube e citada pela revista “Billboard” como uma das trilhas da ascensão mundial do pop brasileiro, ou “b-pop”. Expressões como “fazer o lê lê lê”, de cunho sexual, foram alvo de comentário de Luan Santana. Segundo Luan, “dá para falar de amor sem apelar tanto”.

João Neto discorda: “Não tem apelação nenhuma. Respeitamos o Luan Santana, somos fãs dele. Mas a gente não faz música para artista, faz para o povo. Tenho certeza de que, se o ‘Lê lê lê’ chegasse na mão do Luan, ele iria gravar também, se imaginasse que seria sucesso”.

Os irmãos goianos tiveram certeza do êxito da faixa desde o início. A composição chegou a eles em uma quinta feira; o show de gravação do DVD “Ao vivo em Palmas” seria no sábado. Do trio que enviou a música, Raynner Sousa, Anderson Barony e Adrian, os dois últimos são cantores gospel. Adrian faz parte há mais de dez anos da dupla cristã Zé Marco e Adriano. O cantor paranaense Anderson Barony já emplacou um sucesso no mercado religioso com “Barrabás”. Na época em que compôs “Lê lê lê”, fazia uma breve incursão pela “música secular” em Goiânia.

Autores gospel e raiz nordestina
“Comecei a música com o Adrian e o Raynner chegou querendo algo forte no refrão. Testamos palavras e expressões até que falei ‘leriado’, jargão muito usado no Nordeste [com significado semelhante a “conversa mole”], termo bastante usado pelo humorista Mução. Do ‘leriado’ surgiu o ‘lê lê lê’”, conta Anderson.

O cantor admite que não é fácil transitar entre os dois mercados. “Tive dificuldade. É complicado explicar para as pessoas que você canta gospel e sertanejo. No gospel há um preconceito. Nunca me falaram nada diretamente, mas não sei o que dizem nos bastidores”, diz Anderson.

Par a João Neto, “não tem nada de depravado na música”. E a dupla quer mais. João Neto e Frederico criaram o e-mail composicoesjnef@gmail.com, para receber novas composições. O cantor diz que recebe até 30 composições por dia, de todo o país, algumas já garimpadas para gravação. Mas o foco ainda é divulgar “Ao vivo em Palmas”, com as músicas “Tô morando sozinho”, o novo single “Te amo e nada mais” e, claro, “Lê lê lê”. A faixa é destaque na novela “Cheias de charme” e rendeu à dupla gravação em um show com o trio Empreguetes.

‘Não acordamos ainda’
“Estamos anestesiados até agora. Realizamos um sonho. Fizemos também ‘cenas faladas’. As meninas da Empreguetes cantaram a música todinha. A novela tem uma força muito grande”, diz João Neto.

Ele também lembra o início da carreira, ainda criança, com o trio Rouxinóis de Goiás, que incluía o irmão Felipe, hoje músico de apoio da dupla. “Usávamos cabelos grande, ‘aquele trem’. Coisa do meu pai”, diz o goiano, sobre o repertório e visual mais tradicionais. Em um registro de 1993, publicado no Youtube, os Rouxinóis, com João Neto aos 14 anos e Frederico aos 11, cantam “Guadalupe” (assista ao vídeo), famosa com Chitãozinho e Xororó.

O pai não fica menos feliz com o sucesso em estilo sertanejo renovado. Segundo João Neto, ele só ficou sabendo da antiga dívida, já liquidada, há poucas semanas. Mas o assunto em casa é só o sucesso. “Ele está para entender, como a gente. A gente buscou esse momento a vida inteira. Estar na Globo, cantando numa novela, é um sonho de qualquer artista, ele sabe disso. Ele não aterrissou. Não também não acordamos ainda.”

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