Tribuna da Bahia
Mesmo veladas, as críticas do PCdoB sobre o relacionamento do governo do Estado com movimentos sociais encontraram repercussão dentro do próprio PT, que lidera o programa das esquerdas para a Bahia.
De acordo com o presidente estadual petista, Jonas Paulo (foto), a preocupação em reativar pontos importantes como o diálogo com movimentos sociais faz parte de um compêndio de sugestões encaminhadas pelo diretório estadual da sigla para o Palácio de Ondina.
“É necessário dinamizar áreas como infraestrutura e urbanismo, por exemplo, e ativar o diálogo com movimentos sociais principalmente nos médios centros. Para nós, o governo deve aguçar sua sensibilidade para esses movimentos, algo que já tínhamos observado desde o final do primeiro turno das eleições”, admite Jonas Paulo. Mantendo tom semelhante ao adotado pelos comunistas Alice Portugal e Daniel Almeida em matéria publicada na Tribuna, o petista ressalta que as relações com associações de classe e categorias profissionais podem ser melhor trabalhadas, principalmente os formadores de opinião.
O dirigente não fala abertamente sobre quais setores devem ser os principais alvos, porém manifesta o interesse em reaproximar o diálogo com a classe média – classificada por analistas políticos como decisiva para as revezes de grupos ligados à direita nas duas principais cidades da Bahia, Salvador e Feira de Santana.
Para Jonas Paulo, “o momento é mais no sentido de aperfeiçoamento e consolidação do projeto do PT para a sucessão de 2014” do que para apresentação do projeto que está há seis anos à frente do governo estadual. “A esquerda teve um desenvolvimento bom nas médias e grandes cidades, porém aquém do esperado. O governo desenvolveu bons projetos no âmbito rural, que são importantes, mas é preciso ampliar os investimentos em áreas urbanas para continuar a luta democrática e progressiva”, pondera o petista.
Segundo ele, as críticas das lideranças do PCdoB não são encaradas negativamente, mas no tom de construção do “projeto das esquerdas” para a Bahia – “muito mais sugestões do que críticas”, aponta. “Achamos importante o diálogo. Tem algumas áreas que precisam ser mexidas e não estou falando de troca de secretários nem nada. Apenas reajustes para trabalhar a política. Os movimentos sociais têm que ser analisados num sentido mais amplo”, completa Jonas Paulo.